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terça-feira, 12 de outubro de 2010

CASAMENTO NA APARECIDA


Hoje vejo que eram de uma simplicidade e beleza sem iguais. Me refiro aos antigos casamentos realizados em Aparecida do Norte.
A Basílica nova ainda estava em construção e as cerimonias se realizavam ainda na igreja antiga, sempre aos sábados, às 10:00 horas.
Os noivos alugavam um quarto (não era apartamento, era quarto mesmo) num dos pequenos e inúmeros hoteizinhos que existiam no centro da cidade, bem próximos da igreja.
Utilizando a kombi do meu pai, levei muitos casais de Itajubá para "amarrar os panos" na "Paricida", como eles diziam. Iam na viagem os dois pombinhos, os pais e dois padrinhos de cada lado, ou sejam 10 passageiros.
O preço do frete era muito barato. Dava para  pagar a gasolina e sobravam uns troquinhos. Os maiores clientes eram os agregados da fazenda do Cel. Alcides Faria. Saíamos às 06:00 horas e, "estourando" às 16:00 ou 17:00 horas do mesmo dia já estávamos de volta em Itajubá.
Todos já iam trocados, com roupas domingueiras. As melhores que tinham. Somente a noivinha que viajava ainda "à paisana", levando o vestido de noiva alugado (sempre já um pouco amarelado) numa caixa de papelão.
Enquanto o noivo e convidados ficavam esquentando o sol na praça da Basílica, a noiva se trocava no quarto do hotel, ajudada pela mãe.
Com poucos minutos para iniciar a cerimonia, eu levava a jovem (de kombi) para o templo, distante apenas algumas dezenas de metros.
Os casamentos eram "de balaiada" ou seja, uns 50 de cada vez, com o sacristão lendo rapidamente os nomes dos casais. Era rápido e funcional.
Com chorinhos das mães, piadinhas dos pais e padrinhos e enorme vergonha do casalzinho, iam todos para o pequeno hotel, onde em uma salinha do térreo, aconteceria uma pequena recepção (já inclusa no preço do aluguel do quarto). Um bolinho coberto com glacê branco gorduroso com um casal de bonequinhos em cima, simulando noivinhos. Para beber, Crush ou Grapette, quase mornos.
Quando o casal tinha um pouquinho mais de posses, a recepção era substituída por um almoço, inevitavelmente, com arroz, tutu, maionese desandadora e fatias de pernil de porco. Sobremesa: o mesmo bolo da recepção.
Nunca entendi bem a razão, mas nessas ocasiões sempre se cantava o tradicional "parabéns prá você".
Terminada a festança, todos voltávamos para Itajubá, ficando no hotel os recém-casados. Normalmente ficavam mais o domingo e a segunda-feira, com tudo incluído no preço, inclusive as passagens de volta para Itajubá, na segunda à tarde, pelo Pássaro Marron.

Cada vez mais reconheço: A beleza está na simplicidade.

ER  


3 comentários:

Anônimo disse...

Vocês Rieras, para escrever e fazer política ninguém pode.

Excelente texto.

Aldogon2009@gmail.com disse...

Zezinho, mais um artigo "chupado" para mim coluna, com os devidos creditos. Muito bom mesmo.
Você viu que a Dilma agora começou a frequentar Aparecida?

Edson Riera disse...

Aldo,

A casa é sua. Estou cansado de "garimpar" material seu para o viver é perigoso.

abraço,

edson