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terça-feira, 14 de setembro de 2010

O HOMEM PADRÃO

Eu o vejo sempre nos locais mais movimentados da cidade. Conheço-o "de vista" há séculos. Nunca soube o seu nome, onde mora e nem o que faz. Aparente eternos quarenta anos.
Sempre com uma vestimenta parecida. Calça cinza e camisa clara de manga comprida. Pode passar tranquilamente (sem gravata) por um funcionário do Bradesco ou pastor neo-evangélico.
Nunca aparenta tristeza e nem alegria e respeitosamente, costuma cumprimentar as pessoas com um leve, e quase imperceptível, aceno com a cabeça.
Está sempre em movimento, como um tubarão que não pode parar nunca de nadar. Pelo menos umas duas vezes tentei segui-lo. Impossível. Ele praticamente se dissolve nas quebradas das esquinas.
Toda a minha família já o viu. Minha filha de passagem por Itajubá no último final de semana, o avistou passando em velocidade média pela  Rua Nova. Chegando em casa, de imediato disse: - Pai, avistei o "homem padrão" na Rua Nova.
E completando: - Fazia uns dez anos que eu não o avistava. Não mudou nada. É um mistério!
Imagino que trata-se de um solteirão, que perdeu os pais e mora sozinho em algum casarão de um bairro afastado.
Porque "Padrão" ?
Nada nele se destaca. Cabelos e penteado comuns. Cor, altura e caminhar comuns. Olhar indefinido.
Tenho certeza que você de Itajubá já o viu.

ER

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