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terça-feira, 11 de maio de 2010

ESCAPOU POR POUCO !

Segundo o Amaral, amigo e colega de turma de Guaratinguetá, o Sr. Grillo já beirava os cinquenta anos quando aconteceu o acidente.
Homem enérgico, com uma filharada de dar gosto. Maquinista muito conceituado da Central do Brasil. Cumpridor rígido dos horários dos trens de cargas, os quais dirigia há muitos anos.
Não chegava atrasado e nem adiantado ao destino, um minuto sequer. Essa rigidez foi a razão do acidente.
Numa viagem noturna de Cruzeiro para Guaratinguetá, estavam na cabine, como sempre, ele como maquinista chefe e o seu auxiliar (antigamente chamado de foguista), o Tiãozinho Tiziu (não me perguntem a razão).
Deu uma checada no "cebolão" que ficava preso a uma corrente na algibeira e observou que estavam uns 5 minutos adiantados. Imperdoável.
Trocou umas ideias com o Tiziu e resolveu dar uma paradinha para acertar a hora da chegada e aproveitar para dar uma mijoca.
Bendita hora e lugar.
Sem perceber, a locomotiva havia parado em cima de um viaduto, próximo a Rodovia Presidente Dutra.
Ao saltar, desequilibrado, o velho Grillo despinguelou no espaço. Com certeza, segundo a sua mulher, pela proximidade com Aparecida do Norte, o milagre aconteceu.
O Sr. Grillo caiu em cima de um colchão de molas que estava sobre um caminhão de mudanças que seguia viagem (antigamente não existiam caminhões tipo baú) e passava pelo local.
O impacto foi forte levando o maquinista a perder os sentidos, sem porém outros danos físicos de monta.
O Tiziu não viu nada e após aguardar a volta do Sr. Grillo por quase meia hora e gritar pelo seu nome sem conseguir respostas, seguiu as regras e colocou o trem em movimento para Guará, onde foi constituida de imediato uma equipe de buscas.
Lá pelas 10 horas da manhã, acorda o Sr. Grillo em cima do caminhão, que a caminho de Sorocaba, atravessava o Vale do Anhangabaú em São Paulo.
A primeiro pensamento do Sr. Grillo, que até então não conhecia a Capital, foi: PQP como tem prédio no céu !
As forças foram voltando e ele sem saber o que estava acontecendo, saltou do caminhão no primeiro sinal fechado.
Deu uma ajeitada no uniforme e perguntou para um guarda de trânsito:
- Quede o meu trem ?
O guarda respondeu curto e grosso: - Bebeu ? Vá curtir sua ressaca em outro lugar. Estou trabalhando.
Depois de interromper e indagar diversas pessoas, sem resultado, ali pelo meio-dia, o Sr. Grillo foi descobrindo as coisas. Estava em São Paulo.
Com muito custo convenceu um membro de uma bandinha do "exército da salvação", que tocava em frente ao Mappin, de sua história.
Ainda meio desconfiado, mas querendo aumentar sua "poupança" no céu, o oficial saxofonista, catou uns trocados no caldeirão de ofertas e o acompanhou até a posto da telesp na rua sete de abril.
Após uma espera de 2 horas (era normal), conseguiu uma ligação à cobrar para a casa de sua sogra em Guará.
A velha ao atender gritou : Grillo você não morreu ?
ER

Um comentário:

Evandro disse...

hahahahaha


Muito boa