Hoje, em outra postagem, falei da excelente figura humana que foi o Sr. Jorge "Tintura", aplicado fiscal do Estado. Na cidade não tinha homem para chamá-lo pelo apelido. Era morte certa.
O Sr. Jorge veio de Belo Horizonte direto para trabalhar no Posto de Fiscalização de Itajubá. Chegou com uma novidade: os cabelos pintados na cor, vamos dizer bondosamente, marron estanho.
Na época não se vendiam tintas industrializadas para cabelo. Eram feitas em casa a partir de receitas ultra-secretas. Tinham um defeito gravíssimo: Escorriam facilmente sob chuva.
O Sr. Jorge, quando chegou à cidade, tinha mais ou menos de 32 a 35 anos e com fama de ter sido jogador profissional no América de Belo Horizonte.
De imediato foi convidado para jogar no Yuracan, time de futebol local. E realmente, era um ótimo lateral esquerdo mesmo em final de carreira.
A desgraça se deu numa final de campeonato contra o Smart. Registre-se que, naqueles anos, era proibida a substituição de jogadores durante as partidas. Os onze que começavam tinham que terminar.
Faltando uns cinco minutos para terminar o primeiro tempo, com jogo duríssimo, caiu uma tempestade de verão no Estadio Cel. Belo Lisboa.
No intervalo, a tinta desceu e escorreu toda pelo ralo do vestiário. O Sr. Jorge ficou com o seu cabelo na cor natural. Branquinho.
Os times voltaram para o segundo tempo e atendendo um alerta do bandeirinha, o Juiz mandou o Sr. Jorge se retirar, já que as substituições não eram permitidas.
Foi um Deus nos acuda, com o Sr. Jorge tentando provar que ele era o mesmo cara amarronzado do primeiro tempo. Buscaram documentos, três testemunhas, mas não teve jeito. O Juiz foi irredutível.
O Yuracan teve que terminar com dez jogadores e perdeu o jogo.
A partir do dia seguinte, a cidade acrescentou Tintura ao seu nome.
E até morrer, para todos e sempre de longe... era o Sr. Jorge Tintura.
ER
Nenhum comentário:
Postar um comentário