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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

ACERTARAM A MISS

O Vasco também conhecido como o "Lobo da Boa Vista" foi fazer um amistoso num domingo em Paraizópolis. Como sempre, os três melhores jogadores do time, ou sejam: O Athanásio, o Catí e o Vitão, foram juntos com o Presidente do Clube, Sr. Manoel Valente, no seu Ford Fairlane, que era tão bonito e chamava tanta atenção, que a polícia rodoviária ficada acanhada em pedir os documentos.
O restante da equipe, mais os reservas, Sr. Jayme Campos que era técnico e o Sr. Zé Roupeiro que era isso mesmo, iam de kombi. A torcida, quer dizer, nós, lotávamos dois caminhões da Fábrica de Doces Vera Cruz, que pertencia a família "Valente".
Antes da partida caiu um toró diluviano, que parou pouco antes do jogo iniciar, quando o sol também retornou, provocando uma bela tarde.
O Tanga, rapaz enérgico e brigão, não jogaria em nenhum time do mundo. O que tinha de força e vigor fisico, faltava no futebol. Mas como sempre brigava pelo Vasco, a Diretoria resolveu permitir, como homenagem, deixa-lo uniformizar-se e entrar correndo no campo com o time, como se jogador fosse.
Adianto. Poderiam machucar todos os jogadores, que não o colocariam para jogar. Isso era totalmente fora de questão.
Com os times em campo, o Juiz chamou os dois capitães, no caso do Vasco, o Athanásio, para o sorteio e as recomendações de praxe.
Enquanto isso, os jogadores do Vasco fizeram um semi-círculo, com o Goleiro Ditinho no centro, rolando a bola para cada um devolve-la com um leve toque, com o intuito de tão somente fazer um aquecimento.
Nesse momento, acompanhada do Prefeito, caminhou para o centro do gramado a bela Miss Paraizópolis (hoje casada vive em Itajubá), incumbida de dar o "ponta pé" inicial.
Justamente quando a bonita moça cumprimentava o Athanásio, o goleiro Ditinho, rolou a bola para o Tanga.
Ao invés de tocar levemente a bola, devolvendo-a para o arqueiro, o suposto atleta correu para a pelota como um tanque de guerra alemão.
Acertou uma cacetada a meia altura em direção ao goleiro, que num reflexo extraordinário se abaixou, escapando daquela tijolada.
O bólido seguiu sua viagem com um rumo determinado. A testa da Miss.
A loirinha recebeu todo o impacto quando dava o mais bonito dos seus sorrisos. Foi elevada do sólo, girou num duplo twist carpado e estatelou-se no gramado úmido.
Antes que algum engraçadinho se oferecesse para uma reanimação "boca a boca", o seu noivo, um fazendeiro metido a brigão, chegou junto e a levou no colo para o hospital.
Após alguns minutos desmaiada a jovem voltou a si, porém o sinal da costura da bola, permaneceu em sua testa por uns bons meses, juntamente com um sorriso meio idiota, herança de um nervo da face afetado.
Até hoje, embora mantendo os traços da beleza, ela conserva um ar de monalisa.
Com toda a atenção voltada para a vítima, o violento Tanga disparou para a linha de fundo (usava a camisa 17), saltou o alambrado, pulou o muro e correndo como um touro de Pamplona, dirigiu-se para a Rodovia Paraizopolis - Itajubá.
Quando quiseram pegá-lo, já era tarde.
Foi cômico ver sentado no primeiro banco do ônibus um atleta (?) totalmente uniformizado, com calção e chuteiras, vindo para Itajubá, com o compromisso de pagar a passagem no dia seguinte.
A sua carreira de jogador, jamais iniciada, foi encerrada abruptamente.
ER

Um comentário:

wartão disse...

Zezinho, estória fantastica!!!!
Continue assim.......