Estudou muito, mas logo se deu conta de que para ser escritor satírico lhe faltava conhecer as pessoas e se aplicou em visitar todo mundo e ir a todos os coquetéis e observá-las com o rabo do olho enquanto estavam distraídas com o copo na mão.
Como era verdadeiramente muito gracioso e as suas piruetas ágeis divertiam os outros animais, era bem recebido em toda parte e aperfeiçoou a arte de ser ainda mais bem recebido.
Não havia quem não se encantasse com sua conversa, e quando chegava era recebido com alegria tanto pelas Macacas como pelos esposos das Macacas e pelos outros habitantes da Selva, diante dos quais, por mais contrários que fossem a ele em política internacional, nacional ou municipal, se mostrava invariavelmente compreensivo; sempre, claro, com o intuito de investigar a fundo a natureza humana e poder retratá-la em suas sátiras.
E assim chegou o momento em que entre os animais ele era o mais profundo conhecedor da natureza humana, da qual não lhe escapava nada.
Então, um dia disse vou escrever contra os ladrões, e se fixou na Gralha, e começou a escrever com entusiasmo e gozava e ria e se encarapitava de prazer nas árvores pelas coisas que lhe ocorriam a respeito da Gralha; porém de repente refletiu que entre os animais de sociedade que o recebiam havia muitas Gralhas e especialmente uma, e que iam se ver retratadas na sua sátira, por mais delicada que a escrevesse, e desistiu de fazê-lo.
Depois quis escrever sobre os oportunistas, e pôs o olho na Serpente, a qual por diferentes meios — auxiliares na verdade de sua arte adulatória — conseguia sempre conservar, ou substituir, por melhores, os cargos que ocupava; mas várias Serpentes amigas suas, e especialmente uma, se sentiriam aludidas, e desistiu de fazê-lo.
Depois resolveu satirizar os trabalhadores compulsivos e se deteve na Abelha, que trabalhava estupidamente sem saber para que nem para quem; porém com medo de que suas amigas dessa espécie, e especialmente uma, se ofendessem, terminou comparando-a favoravelmente com a Cigarra, que egoísta não fazia mais do que cantar bancando a poeta, e desistiu de fazê-lo.
Finalmente elaborou uma lista completa das debilidades e defeitos humanos e não encontrou contra quem dirigir suas baterias, pois tudo estava nos amigos que sentavam à sua mesa e nele próprio.
Nesse momento renunciou a ser escritor satírico e começou a se inclinar pela Mística e pelo Amor e coisas assim; porém a partir daí, e já se sabe como são as pessoas, todos disseram que ele tinha ficado maluco e já não o recebiam tão bem nem com tanto prazer.
Augusto Monterroso
Augusto Monterroso
4 comentários:
Por falar em Escritor, me lembrei que esta semana recebi e li no Jornal dai que o Comentarista, Colunista Político, o Chefe, sei lá o que, Sr. $ebastião Riera escreveu uma matéria interessante sobre o cenário político da sua terrinha, não entendi o porque dos presidentes de partidos (mesmo nanicos) não se pronunciaram também, vai ver que não tem nenhuma expressão e tal; mas vamos lá:Claro que na qualidade de velha RAPO$A jamais iria dizer que o PT ganhou na terrinha e que o filho dele e ele do PMDB sairiam por ai de mãos dadas afinal andam meio esquisitos; mas e agora com este resultado ai onde o PT manda? E o seu PSDB? Como serão os ventos por ai Zezinho? Quem é quem e o que é o que? Te prepara ai pois os abutres estão voando. haghagrrrrr
Anônimo,
Há muito que partidos políticos como aí estão não querem dizer nada. Nem sabem o querem, o que defendem, suas bandeiras.
Estamos é lascados.
Zelador
Anônimo,
Há muito que partidos políticos como aí estão não querem dizer nada. Nem sabem o querem, o que defendem, suas bandeiras.
Estamos é lascados.
Zelador
Anônimo,
Há muito que partidos políticos como aí estão não querem dizer nada. Nem sabem o querem, o que defendem, suas bandeiras.
Estamos é lascados.
Zelador
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