Todos devem ter lido que tomou o barco na semana passada, a poeta polonesa Wislawa Szymborska, aos 88 anos,em Cracóvia. Ela havia ganho o Prêmio Nobel de Literatura em 1996.
A Ilustríssima, da Folha, troxe hoje um poema dela, traduzido pela Regina Przybycien.
O PRIMEIRO AMOR
Dizem
que o primeiro amor é o mais importante.
Isso é muito romântico,
mas não é o meu caso.
Algo entre nós houve e não houve,
se deu e se perdeu.
Não me tremem as mãos
quando encontro as pequenas lembranças
e o maço de cartas atadas com barbante
se ao menos fosse um fita.
Nosso único encontro depois de anos
foi um diálogo de duas cadeiras
junto a uma mesa fria
Outros amores
ainda respiram profundamente em mim
Este não tem alento para suspirar
E no entanto tal com é
deslembrado,
nem sequer sonhado,
consegue o que os outros ainda não conseguem:
me acostuma com a morte.
Wislawa Szymborska
2 comentários:
Edson,
Com todo respeito a Wislawa, mas esses versos mais me parecem ser um desabafo sobre um pseudo primeiro amor. Os gênios também tem os seus equívocos. É verdade que ela já fica com um pé atrás quando diz " dizem que o primeiro amor é o mais importante... mas não é o meu caso " e também " algo entre nós houve e não houve, se deu e se perdeu ". Algo é uma palavra de muitos significados, portanto pode não ter sido primeiro amor ou amor.
Outro dia eu li alguma coisa mais ou menos assim : " amor que acaba é aquele que nunca começou ". Não será esse o caso da nossa famosa poeta ?
Abr.
Humberto.
Caro Humberto,
Li e reli o poema. Me intrigou e fez pensar. Atentei para: "...consegue o que os outros ainda não conseguem: me acostuma com a morte."
Os poetas são tristes. Os artistas são sofridos.
Pela graça eu não siu triste e nem sofrido. Mas penso.
Abraço,
Edson
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