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domingo, 5 de fevereiro de 2012

REFLEXÃO

Todos devem ter lido que tomou o barco na semana passada, a poeta polonesa Wislawa Szymborska, aos 88 anos,em Cracóvia. Ela havia ganho o Prêmio Nobel de Literatura em 1996.
A Ilustríssima, da Folha, troxe hoje um poema dela, traduzido pela Regina Przybycien.

O PRIMEIRO AMOR

Dizem
que o primeiro amor é o mais importante.
Isso é muito romântico,
mas não é o meu caso.

Algo entre nós houve e não houve,
se deu e se perdeu.

Não me tremem as mãos
quando encontro as pequenas lembranças
e o maço de cartas atadas com barbante
se ao menos fosse um fita.

Nosso único encontro depois de anos
foi um diálogo de duas cadeiras
junto a uma mesa fria

Outros amores
ainda respiram profundamente em mim
Este não tem alento para suspirar

E no entanto tal com é
deslembrado,
nem sequer sonhado,
consegue o que os outros ainda não conseguem:
me acostuma com a morte.

Wislawa Szymborska

2 comentários:

Anônimo disse...

Edson,

Com todo respeito a Wislawa, mas esses versos mais me parecem ser um desabafo sobre um pseudo primeiro amor. Os gênios também tem os seus equívocos. É verdade que ela já fica com um pé atrás quando diz " dizem que o primeiro amor é o mais importante... mas não é o meu caso " e também " algo entre nós houve e não houve, se deu e se perdeu ". Algo é uma palavra de muitos significados, portanto pode não ter sido primeiro amor ou amor.

Outro dia eu li alguma coisa mais ou menos assim : " amor que acaba é aquele que nunca começou ". Não será esse o caso da nossa famosa poeta ?

Abr.

Humberto.

Edson Riera disse...

Caro Humberto,

Li e reli o poema. Me intrigou e fez pensar. Atentei para: "...consegue o que os outros ainda não conseguem: me acostuma com a morte."

Os poetas são tristes. Os artistas são sofridos.
Pela graça eu não siu triste e nem sofrido. Mas penso.


Abraço,

Edson