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quarta-feira, 31 de agosto de 2016

MASTIGADA PELO PMDB

O PMDB demonstrou que um raio cai duas vezes no mesmo lugar. Pela segunda vez em três décadas, o partido chega à Presidência da República sem passar pela pia batismal das urnas. Em 1985, prevaleceu com Tancredo Neves na eleição indireta do Colégio Eleitoral. Decorridos 31 anos, vai ao trono com Michel Temer graças à vontade dos senadores que decidiram encurtar o mandato de Dilma Rousseff.

Na certidão de nascimento, o PMDB era apenas MDB. Veio à luz em 1966, quando o governo militar decidiu dissolver a penca de partidos e autorizar o funcionamento de apenas dois —um a favor e outro contra. Em 50 anos de existência, a legenda disputou a Presidência da República em eleições diretas apenas duas vezes.
Numa, em 1989, Ulysses Guimarães amealhou irrisórios 4,7% dos votos válidos. Noutra, em 1994, Orestes Quércia arrebanhou ínfimos 4,4%. 
Desde então, o PMDB é prisioneiro de um paradoxo: maior partido do país, optara por ser subalterno. Há mais de duas décadas que não lança um candidato à Presidência da República. Virou sócio minoritário de presidências do PSDB e do PT.

Especializada numa modalidade pessoal de esporte, o tiro ao pé, Dilma inaugurou um novo sistema de governo: o presidencialismo sem presidente. Como poder vazio é algo que não existe, Eduardo Cunha ocupou os espaços. E a pupila de Lula foi apresentada a uma fatalidade histórica: no Brasil pós-redemocratização, sempre que um presidente achou que poderia engolir o PMDB, foi mastigado.

(Extraído da Coluna do Josias de Souza)

Viver é Perigoso

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