Antes que me torne um eremita completo, ocuparei este espaço para falar e discutir um pouco, com simplicidade, sobre a vida, com suas alegrias e tristezas. Pode ser que acabe falando comigo mesmo. Neste caso, pelo menos prevalecerá a minha opinião.
O amor é muito raro. Tocar o cerne de uma pessoa é enfrentar uma revolução, pois, se você quiser tocar uma pessoa em sua essência, terá de deixar que essa pessoa toque a sua essência também. Você terá que ficar vulnerável, absolutamente vulnerável, aberto.
É um risco. Deixar que alguém toque a sua essência é arriscado, perigoso, porque você nunca sabe o que essa pessoa fará com você.
E depois que todos os seus segredos forem devassados, depois que tudo o que você esconde for descoberto, depois que você estiver completamente exposto, o que a outra pessoa vai fazer nunca se sabe. O medo aparece. É por isso que nunca nos abrimos.
Basta que haja familiaridade para que você ache que o amor aconteceu. Periferias se encontram e achamos que nos encontramos. Você não é a sua periferia. Na verdade, a periferia é a fronteira onde você termina, só a cerca ao seu redor. Não é você! A periferia é o lugar onde você termina e o mundo começa.
Mesmo casais que vivem juntos há muitos anos podem ser meros conhecidos. Podem não se conhecer de verdade. E quanto mais você vive com uma pessoa mais esquece que a essência continua intocada.
Então a primeira coisa a ser entendida é: não confunda familiaridade com amor. Vocês podem estar fazendo amor, podem se relacionar sexualmente, mas o sexo também é periférico. A menos que as essências se encontrem, o sexo é apenas o encontro de dois corpos.
E o encontro de dois corpos não é um encontro. O sexo também continua a ser familiaridade — física, corporal, mas ainda é só familiaridade. Você só consegue deixar alguém conhecer a sua essência quando não está com medo, quando não teme.
[Osho, em "Coragem: O Prazer de Viver Perigosamente"
Perfeito o comentário acima. O difícil, mesmo, é não ter medo de abrir-se ao outro e para a vida. Primeiro porque a relação tem se ser iluminada por algo raro, um diamante bruto a ser lapidado. Depois, porque essa raridade, esse encontro improvável, pode acontecer em momentos da vida não muito apropriados, quando, por uma razão ou outra tudo é mais difícil. Finalmente, porque raramente percebemos que, escondendo a nossa essência, perdemos a chance de nos encontrarmos. Eu, felizmente, tive a oportunidade única de me entregar a uma história rara, improvável. A minha essência esteve lá. E a história se evaporou quase tão rápido como chegou. Quase evaporei junto. Hoje, depois de um bom tempo, olho para trás e é quase impossível não sorrir, às vezes até mesmo rir à toa. O tombo foi imenso, mas valeu muito. Não me arrependo de ter aberto as portas. A brisa bate mais forte, os aromas são mais convidativos; o mundo é muito maior lá fora!
2 comentários:
O amor é muito raro. Tocar o cerne de uma pessoa é enfrentar uma revolução, pois, se você quiser tocar uma pessoa em sua essência, terá de deixar que essa pessoa toque a sua essência também. Você terá que ficar vulnerável, absolutamente vulnerável, aberto.
É um risco. Deixar que alguém toque a sua essência é arriscado, perigoso, porque você nunca sabe o que essa pessoa fará com você.
E depois que todos os seus segredos forem devassados, depois que tudo o que você esconde for descoberto, depois que você estiver completamente exposto, o que a outra pessoa vai fazer nunca se sabe. O medo aparece. É por isso que nunca nos abrimos.
Basta que haja familiaridade para que você ache que o amor aconteceu. Periferias se encontram e achamos que nos encontramos. Você não é a sua periferia. Na verdade, a periferia é a fronteira onde você termina, só a cerca ao seu redor. Não é você! A periferia é o lugar onde você termina e o mundo começa.
Mesmo casais que vivem juntos há muitos anos podem ser meros conhecidos. Podem não se conhecer de verdade. E quanto mais você vive com uma pessoa mais esquece que a essência continua intocada.
Então a primeira coisa a ser entendida é: não confunda familiaridade com amor. Vocês podem estar fazendo amor, podem se relacionar sexualmente, mas o sexo também é periférico. A menos que as essências se encontrem, o sexo é apenas o encontro de dois corpos.
E o encontro de dois corpos não é um encontro. O sexo também continua a ser familiaridade — física, corporal, mas ainda é só familiaridade. Você só consegue deixar alguém conhecer a sua essência quando não está com medo, quando não teme.
[Osho, em "Coragem: O Prazer de Viver Perigosamente"
Perfeito o comentário acima.
O difícil, mesmo, é não ter medo de abrir-se ao outro e para a vida.
Primeiro porque a relação tem se ser iluminada por algo raro, um diamante bruto a ser lapidado.
Depois, porque essa raridade, esse encontro improvável, pode acontecer em momentos da vida não muito apropriados, quando, por uma razão ou outra tudo é mais difícil.
Finalmente, porque raramente percebemos que, escondendo a nossa essência, perdemos a chance de nos encontrarmos.
Eu, felizmente, tive a oportunidade única de me entregar a uma história rara, improvável. A minha essência esteve lá. E a história se evaporou quase tão rápido como chegou. Quase evaporei junto.
Hoje, depois de um bom tempo, olho para trás e é quase impossível não sorrir, às vezes até mesmo rir à toa. O tombo foi imenso, mas valeu muito.
Não me arrependo de ter aberto as portas. A brisa bate mais forte, os aromas são mais convidativos; o mundo é muito maior lá fora!
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