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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

ACHO QUE MORRI


“Acho que morri.” Esta a curta frase eu disse para a minha assessoria, próximo ao final do mês de dezembro passado, no fim de 2014. Desde a primeira legislatura de que participei como deputado federal, em 1999, sempre no final do ano recebia enxurradas de cartões de feliz natal e próspero ou bom ou feliz ano novo. Este tipo de cartão e cumprimento recebia inclusive de alguns adversários, às vezes até inimigos políticos.
Também recebia rios de agendas e calendários e inúmeras lembranças e lembrancinhas. As agendas e calendários eram tantas que não sabia o que fazer. Saía distribuindo, mas nem todos queriam. Muitas, para não ter outro destino, viravam ‘caderno’ de anotações. .
Mais raramente, recebia também uma ou outra cesta de natal, chocolate, ou garrafa de vinho. Mas o que mais gostava de receber eram livros e CDs. Recebi ao longo da minha vida de parlamentar excelentes livros e raros CDs, e muitos deles guardo como relíquias. Dentre os CDs há uma caixa que contém todas as gravações de Clementina de Jesus.
Todas estas lembranças, lembrancinhas, presentes e cumprimentos eram oferecidos por empresas, ONGs, sindicatos e detentores de algum poder ou mandato como deputados, ministros, prefeitos, senadores e até vereadores. Toda esta lista de “presentes” o inocente pode imaginar que é dado de coração ou por verdadeiro desejo que realmente tenha um feliz natal e um bom ano novo. Não é bem assim.
A maior parte dos “presentes” é oferecido por interesse. Uma pequena parte dos presentes é dado de coração, reconhecimento e respeito.
Acho que morri e foi de morte matada. Tenho absoluta certeza de que não foi suicídio.
Cheguei a essa conclusão porque no final do ano passado não recebi a enxurrada de cartões e tampouco os rios de agendas e calendários. Não chegou a meia dúzia de livros, uma garrafa de vinho e nenhum CD. Recebi uma cesta de natal (de coração) de uma amiga.
Isto demonstra que a maioria dos presentes, lembranças e lembrancinhas que os portadores de mandatos recebem é por interesse. Como não fui candidato​ à​ reeleição e fiquei sem mandato, me mataram.
Dr. Rosinha - Deputado Federal PT - Paraná
(recortes de publicação no Congresso em Foco)
ER

Um comentário:

Anônimo disse...

Coitadinha, fiquei com dó desta senhora!!!! Vou enviar de presente uma cópia da Constituição Federal para Ela não se sentir morta ou esquecida.