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quinta-feira, 5 de maio de 2011

CIDADÃO KANE


Fonte Webcine

No dia 1º de maio de 1941, estreava em Nova York, nos EUA, o filme Cidadão Kane, do diretor americano Orson Welles. O seu filme já nasceu clássico, em um certo sentido, após a sua estreia, um crítico do The New York Times decretou que aquele era um dos grandes filmes da época e que, provavelmente, preservaria sua genialidade e atualidade em tempos futuros. Acertou.
Quando dirigiu, produziu, protagonizou e foi co roteirista de Cidadão Kane, Welles tinha 25 anos.
Graças à notoriedade assim conquistada no rádio, o diretor novato recebeu da produtora RKO carta branca para dirigir e um orçamento generoso. Confirmando sua índole polêmica, ele fez um filme no qual se identificavam alusões ao magnata das comunicações William Randolph Hearst.
A história conta como o repórter Thompson (Joseph Cotten) reconstitui a trajetória do empresário da imprensa Charles Foster Kane (Welles), buscando decifrar o significado de sua última palavra no leito de morte: "rosebud". A morte de Kane comovera a nação e descobrir o porquê daquela palavra se torna uma obsessão para o jornalista, que acredita poder encontrar nela a chave do significado daquela vida atribulada.
O repórter entrevista, então, as pessoas próximas ao figurão. Um emaranhado de informações vai se costurando à frente dos olhos do espectador, desde a infância pobre, revelando um Kane por vezes perturbado, mas sempre ambicioso. Essa multiplicidade de fontes usadas pelo repórter cria um conjunto de perspectivas diferentes, funcionando como peças do quebracabeças que os espectadores vão montando.
Kane herda uma fortuna e deixa de viver com os pais para ser criado por um banqueiro, Walter Parks Thatcher (George Coulouris). Dentre todos os negócios que passam às suas mãos na maioridade, resolve dedicar se a um dos menos rentáveis: um jornal convencional e pouco influente.
Atraindo as estrelas dos veículos concorrentes com salários maiores e praticando um jornalismo agressivo (que freqüentemente descamba para o sensacionalismo), Kane consegue sucesso como homem de mídia, criando uma reputação de campeão dos pobres e oprimidos. Tenta carreira na política, concorrendo a governador como candidato independente; quando parece ter a vitória nas mãos, um escândalo provoca sua derrota. Depois de dois casamentos fracassados, passa seus últimos dias sozinho no palácio que construiu e para o qual levou tudo que o dinheiro podia comprar desde obras de arte de valor inestimável até os animais mais exóticos do planeta.
O filme faz uso de flashbacks, sombras, tem longas seqüênciãs sem cortes, mostra tomadas de baixo para cima, distorce imagens para aumentar a carga dramática; a iluminação é pouco convencional, o foco transita do primeiro plano para o background, os diálogos são sobrepostos e os closes usados com contenção. Revolucionário.
O personagem central vai, aos poucos, perdendo suas virtudes e aumentando seus defeitos. Pode ser visto retrospectivamente como alguém amargo, sombrio, arrogante, manipulador, cruel e impiedoso. Sua trajetória, no entanto, encerra muito do sonho americano: idealismo, espírito de iniciativa, fama, dinheiro, poder, mulheres, imortalidade.
O óbvio paralelo de Kane (e seu Inquirer) com Hearst (e seu Exnminer) gerou controvérsias e pressões para impedir a montagem e exibição do filme. As similaridades são muitas: Kane construiu um palácio extravagante na Flórida, Hearst tinha um em San Simeon; o personagem teve um caso com uma cantora sem talento, Susan Alexander (Dorothy Comingore), lembrando o que Hearst teve com a jovem atriz Marion Davies. Enquanto o magnata da vida real comprou o estúdio Cosmopolitan Pictures para promover o estrelato de Davies, Kane comprou para Susan um teatro. Entretanto, enquanto Hearst nasceu rico, Kane era filho de uma família humilde.

Blog: 70 anos sendo assistido, analisado, criticado e louvado. Um marco do cinema. Como um leigo no assunto, já gostei e já desgostei muitas vezes, Indiferente ? nunca.

ER 


Um comentário:

marcos.caravalho disse...

Já vi um bocado de vezes. Igual feijão-arroz-bife (carninha moída)-batata frita-saladinha de tomate, alface, cebola:melhora cada vez mais. Uma cópia vai na próxima arca do próximo Noé para mostrar que não éramos tão ruins assim. Não imagina você quanta coisa dalí é "chupada" até hoje em inúmeros filmes (bons e ótimos included.