Certa época, quando ainda não existiam os caixas eletrônicos, a Agência do Banco do Brasil, da terrinha, lotava.
Inventaram a tal de fila única e dez caixas para atender.
Da enorme fila que se formava, o clientes iam observando o desempenho dos caixas. Alguns, muito rápidos. Carimba daqui, retira uma via, recebem e dão o troco em minutos. Outros, mais vagarosos. Talvez por inexperiência ou mesmo cuidados especiais.
Havia um caixa, conhecido na cidade como Saraiva. Sempre irritadiço e lento por filosofia de vida. Dizia ele debaixo dos seus vinte e tantos de funcionário concursado e estável:
- Se atender x clientes eu recebo de salário y. Se eu atender 10 x de clientes, receberei o mesmo y. Não irei me matar. Devagar e sempre.
Um velho e agitado sitiante, com seu chapelão e cigarro de palha (apagado) seguia na fila única, recém criada, resmungando pela demora.
Ao chegar a sua vez, depois de uma vagarosa caminhada na fila, teve uma decepção e exclamou:
- PQP ! Caí com aquele lesmão. O caixa do irritadiço e lento Saraiva.
Acontece na Padaria Morro Chic. Enormes filas no cair da tarde. Fila para fazer o pedido e fila para pagar. Filas também conhecidas como "onde os bravos se encontram". Amigos, conhecidos, adversários e creio, até inimigos. Tudo de um bom proceder, pois afinal, pão é sagrado.
Todas as atendentes são atenciosas e educadas. Mas algumas atendem melhor, e por iniciativa própria, escolhem os produtos mais bonitos. Outras apressadas, embalam os pães sem sequer olhar.
Hoje na fila pensei e calculei: será que irei cair com aquele que não olha para os pães ? Caí.
Viver é Perigoso
Nenhum comentário:
Postar um comentário