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domingo, 8 de março de 2015

O GRANDE TEATRO


Imagino um enorme teatro. Um teatro do tamanho do Brasil. No amplo palco segue a apresentação de uma bem montada peça. Chama a atenção o jogo de luzes que ilumina os atores.
Uma certa penumbra.
Atores, todos, sem exceção, muito bem vestidos. Desempenhos ímpares.
Acionadas por controles eletrônicos, pesadas e precisas engrenagens mecânicas trocam constantemente os cenários. Tribunais e seus sisudos e gordos componentes trajando desconfortáveis capas pretas, Salas de delegacias com o seu movimento habitual recheado de palavrões, gabinetes de entidades de classe com a presença constante de grandes industriais, empreiteiros e empertigados banqueiros. Agentes e lobistas com sorrisos de hienas. Todos meros coadjuvantes.
Sob a luz privilegiada dos holofotes com filtros especiais, os atores principais que entram e saem (substituídos por outros) constantemente de cena.
São os políticos.
São de origem diversas: federais, estaduais e municipais. Atores de fina estirpe. Mágicos especialistas em fazer desaparecer qualquer coisa.
Maioria do sexo masculino. Um ou outro usando barbas grisalhas. Mulheres com terninhos padrão.
Uma roda viva. Peça sem desfecho e sem desenlaces.
Todos atores suspeitos de crimes. Todos alegam inocência indignada.
Ah ! O importante:
A monumental peça é interativa. Acontece a participação do público. São milhares, são milhões, que sorriem tristemente.
Alguns sérios. Alguns deixando escapar fugidias lágrimas. Muitos, quase cochilando sem atentar para o espetáculo. Pouquíssimos esboçando gestos de protesto.
De comum na multidão de expectadores, tão somente os narizes com uma bolinha vermelha, carecas com cabelos nas laterais, olhos arregalados, colarinhos largos, suspensórios e possivelmente enormes sapatos calçados sobre meias de listinhas.
É a vida...

Viver é Perigoso    

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