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quinta-feira, 12 de abril de 2012

UMA ESTRANHA ENTROU NA FAMÍLIA



Post enviado pelo Walter Bianchi (Web)

Alguns anos depois que nasci, meu pai conheceu uma estranha, recém-chegada à nossa pequena cidade. Desde o princípio, meu pai ficou fascinado com esta encantadora personagem, e em seguida a convidou a viver com nossa família. A estranha aceitou e desde então tem estado conosco. Enquanto eu crescia, nunca perguntei sobre seu lugar em minha família. Meus pais eram instrutores complementares. Minha mãe me ensinou o que era bom e o que era mau e meu pai me ensinou a obedecer. Mas a estranha era nossa narradora. Mantinha-nos enfeitiçados por horas com aventuras,mistérios e comédias. Ela sempre tinha respostas para qualquer coisa que quiséssemos saber de política, história ou ciência. Conhecia tudo do passado, do presente e até podia predizer o futuro! Levou minha família ao primeiro jogo de futebol. Fazia-me rir, e me fazia chorar. A estranha nunca parava de falar, mas o meu pai não se importava. Às vezes, minha mãe se levantava cedo e calada, enquanto o resto de nós ficava escutando o que ela tinha que dizer, mas só ela ia à cozinha para ter paz e tranquilidade. (Agora me pergunto se ela teria rezado alguma vez, para que a estranha fosse embora). Meu pai dirigia nosso lar com certas convicções morais, mas a estranha nunca se sentia obrigado a honrá-las. As blasfêmias, os Palavrões, por exemplo, não eram permitidos em nossa casa, nem por parte nossa, nem de nossos amigos ou de qualquer um que nos visitasse. Entretanto, nossa visitante de longo prazo, usava sem problemas sua linguagem inapropriada que às vezes queimava meus ouvidos e que fazia meu pai se retorcer e minha mãe se ruborizar. Meu pai nunca nos deu permissão para tomar álcool. Mas a estranha nos animou a tentá-lo e a fazê-lo regularmente. Fez com que o cigarro parecesse fresco e inofensivo, e queos charutos e os cachimbos fossem distinguidos. Falava livremente (talvez demasiado) sobre sexo. Seus comentários eram às vezes evidentes,outras sugestivos, e geralmente vergonhosos. Agora sei que meus conceitos sobre relações foram influenciados fortemente durante minha adolescência pela estranha. Repetidas vezes a criticaram, mas ela nunca fez caso aos valores de meus pais, mesmo assim, permaneceu em nosso lar. Passaram-se mais de cinquenta anos desde que a estranha veio para nossa família. Desde então mudou muito; já não é tão fascinante como era no principio. Não obstante, se hoje você pudesse entrar na guarida de meus pais,ainda o encontraria sentado em seu canto, esperando que alguém quisesse escutar suas conversas ou dedicar seu tempo livre a fazer-lhe companhia... Seu nome? Nós a chamamos de Televisão... Agora ela tem um marido que se chama Computador, e seus filhos são o Celular, o Tablet, o IPad...

Autor desconhecido

Post enviado pelo Walter Bianchi

3 comentários:

Anônimo disse...

Gostei! O texto é forte e reflexivo.
Penso que a TV (essa estranha) é como se fosse ao mesmo tempo um bem e um mal.
Ela informa e paralelamente constrói imagens sobre pessoas feita principalmente com a ilusão de aquilo ser uma realidade. A partir dela construímos nossas próprias imagens que nem sempre correspondem a realidade. Em muitas ocasiões deixamos de dar uma interpretação mais honesta das pessoas que nos cercam em prol das que visualizamos na TV. Hoje o que nos cerca é o império dos "Sites de relacionamentos ORKUT, FACEBOOK e outros concorrentes da TV.Eles também abrem espaço para a colocação de imagens.
E por que se deposita tanto poder e tanta força a uma imagem? Acho que é porque "A imaginação simbólica é sempre um fator de equilíbrio". O símbolo e a imagem são fortes porque nos concedem a sensação de que a raça humana não é apenas poeira Cósmica.
Mahbet1

Edson Riera disse...

Mahbet1

A diferença fundamental está na interatividade hoje alcançada. As pessoas estão aflitas para expor o que pensam, manter contatos,voltarem para a aldeia.
Mesmo que de forma anônima. Elas não querem aparecer para os outros. Querem se manifestar e olhando no espelho dizer: Comigo é pau é pau e pedra e pedra.E sorriem...
zelador

Anônimo disse...

Concordo com você. Fica mais fácil pra eles e menos arriscado emitirem uma opinião.
Mahbet1