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domingo, 15 de abril de 2012

ODEIO A TAL LINHA DO TEMPO


Por Marli Gonçalves
Detesto qualquer coisa que já chegue imposta, virtual ou real. Coisas que a gente tenha de reaprender a usar, sendo que antes estava tudo bom e ninguém pediu para mudar. Há coisas que precisam ser clássicas, tombadas, imutáveis, e respeitada a vontade de mudar ou não; outras, irrequietas e mutantes.
Eu odeio essa tal linha do tempo. Entenda como quiser. Falo diretamente da virtual, do Facebook, que agora está sendo imposta em todos os perfis, um saco, cheia de anúncios, confusa; mas respingo também na linha do tempo real, a que prende, delimita você em limites do passado, do presente e no futuro, quanto te costura na mídia social.
Deve ser a idade chegando. Fico besta com o tempo. O tempo passando todos os dias. Como as pessoas usam o tempo. Como desperdiçam o seu tempo - o seu, e o deles. O tempo de novos que chegam sem querer nem saber como era, e achando que são novidadeiros porque usam arrobas, enquanto nós a carregávamos. Os tempos dos velhos que não conseguem sair lá de trás, não arredam o pé. Ou novos que tapam a frente, não ajudam a carregar as sacolas de ninguém, como se imortais já fossem.
A linha do tempo real são as nossas rugas, cicatrizes, vitórias e percalços, subidas e quedas. Nossos amores, encantos e desencantos, a genética e os tiques que herdamos de algum canto. Só nós podemos organizá-la, dar importância ou descartar cada ítem. Só nós podemos compartilhar alguns destes momentos. Seja com imagens, seja com conselhos. E só na hora que a gente entender.
Diria Camões:
"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades, Diferentes em tudo da esperança; Do mal ficam as mágoas na lembrança, E do bem, se algum houve, as saudades".

Marli Gonçalves - Jornalista 

4 comentários:

Humberto disse...

Edson,

Outro dia vendo um show do Martinho da Viola, antes de cantar uma música, não me lembro qual, ele disse : " essa música é a que eu gostaria de ter feito ".

Plagiando o Martinho, esse é o texto que eu gostaria de ter escrito.

Nem toda mudança significa progresso, evolução. Muitas vezes, em nome do " é preciso mudar " estamos regredindo, involuindo...

Os versos de Camões são profundos e muito verdadeiros.

Humberto.

Anônimo disse...

O Humberto ouviu o Martinho da VILA ou, o Paulinho da VIOLA?????
Ou o "famoso craque" e filósofo
Viola??? que disse: "Eles fingem que pagam (o salário) e, Eu finjo que jogo."

Abraço.

Anônimo disse...

Humberto, Obrigada! Beijão da Marli

Humberto disse...

Caro anônimo,

Fiquei emocionado com o texto que troquei o Vila por Viola.

Agora eu pergunto ? Onde ficou o " famoso craque e filósofo " Vampeta nessa confusão toda ?

Humberto.