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quarta-feira, 14 de março de 2012

A PANÇA DO CHICO

Trecho da coluna do Jairo Marques na Folha, falando do Show do Chico que aconteceu em São Paulo.

" Levei a mulher para ver o Chico cantando fora daquele CD que ela tanto escuta. Sim, levei, não assumo que fui também porque dele nem gosto de criar apego. Gosto é da Geni, da Rita, da Terezinha, da Beatriz, da Iolanda...
Quando o homem surgiu no palco, puxei um ensaio de ciúme do peito enquanto minha deusa entrava em uma espécie de transe de adoração pelo sujeito.
Tive de me conter para encarar aquele "olhos nos olhos" que ela tanto esperava como apenas uma coisa de fã e só isso mesmo.
Mas a minha vez de êxtase também chegaria - e logo nos primeiros momentos do show. Era verdade: o galã, que encanta ao cantar as agruras de doçuras do amor, exibia uma pança igualzinha à dos mortais maridos, namorados, amantes, casos, amásios, ficantes.
Se Chico Buarque, que é viciado em pelada aos finais de semana, que pode flanar pelas ruas de Paris ou caminhar pela orla carioca em uma tarde qualquer de segunda-feira, tem uma bela barriga (nem venha chamar aquilo de protuberância do charme), um cadeirante como eu (Jairo é cadeirante) ter uma pança é praticamente regra do jogo..."

Jairo Marques

ER

Um comentário:

Anônimo disse...

Imagino o que estava sentindo a mulher do Jairo. Também já fui alucinada pelo Chico Buarque. Cheguei até a sentir inveja da Marieta Severo. Houve época em que eu queria descobrir qual artifício foi usado por ela para fisgá-lo.Acabei descobrindo que no primeiro encontro casual que tiveram, em um teatro, ela, para impressioná-lo roubou um vaso de planta natural que estava próximo e lhe ofereceu de presente. Não sei se é verdade, mas funcionou. Eu também já fiz loucuras para vê-lo (naquela época). Era professora.O dinheiro era curto.Ajuntei, contei, pedi emprestado uns trocados para assistir o show a noite. No outro dia de manhã seria realizado um jogo de futebol no Tigrão. Chico,MPB4 e músicas contra os atletas Itajubenses.
Que fazer? Era dia de semana e eu dava aulas no período da manhã. Fui pensando em uma maneira de assistir o jogo. Eu jamais perderia a apresentação do Chico. Cheguei no Grupo Escolar e, com cara de paisagem, disse à Diretora que não estava me sentindo muito bem. Acho que não vou aguentar. Disse com voz quase inaudível.
Ela me olhou, analisou e disse:---pode ir pra casa. Colocarei a substituta no seu lugar porque eu também vou ter que sair.
Aliviada agradeci e saí dali meio que devagar, meio culpada pela mentira, mas ao virar a esquina corri feito doida.Enquanto corria pensava...quem nunca falou uma mentirinha na vida? É por uma boa causa. Cheguei no Tigrão ofegante e com o coração a saltar pela boca.O jogo já havia começado. Sentei na arquibancada e comecei a torcer, a pular, a vibrar com cada gesto que o Chico fazia, com cada lançada de olhar na minha direção achando que ele olhava para mim.. Quando ele fez um gol virei para trás aos gritos e abracei a primeira pessoa que estava atrás de mim. Quase desmaiei quando vi seu rosto.
Era a minha Diretora que também vibrava com a apresentação do Chico Buarque e provavelmente estava sentindo as mesmas emoções que eu. Nos olhamos nos olhos, nos entendemos e nos tornamos cúmplices. Ninguém na escola ficou sabendo do nosso momento de tietagem.
Mahbet1