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domingo, 29 de janeiro de 2012

MELHOR IDADE UMA ÓVA !

Até hoje não foi identificado o "brincalhão" que inventou a expressão "melhor idade" para, segundo o Ruy Castro, enquadrar aqueles que estão entre os sessenta e a tomada do barco.
Realmente torna-se extremamente prazeiroso observar a luta e a felicidade dos filhos e dos filhos dos amigos. Inexplicável e hipnotizante o convívio com os netos. Sereno e manioso a vida do casal, já quase solitária, fugindo de compromissos e descobrindo a beleza da solidão e do silêncio.

RUY CASTRO, escreveu ontem na Folha:

A voz em Congonhas anunciou: "Clientes com necessidades especiais, crianças de colo, melhor idade, gestantes e portadores do cartão tal terão preferência, etc.". Num rápido exercício intelectual, concluí que, não tendo necessidades especiais, nem sendo criança de colo, gestante ou portador do dito cartão, só me restava a "melhor idade" - algo entre os 60 anos e a morte.
Para os que ainda não chegaram a ela, "melhor idade" é quando você pensa duas vezes antes de se abaixar para pegar o lápis que deixou cair e , se ninguém estiver olhando, chuta-o para debaixo da mesa. Ou, tendo atravessado a rua fora da faixa, arrepende-se no meio do caminho porque o sinal abriu e agora terá de correr para salvar a vida. Ou quando o singelo ato de dar o laço no pé esquerdo do sapato equivale, segundo o João Ubaldo Ribeiro, uma modalidade olímpica.
Privilégios da "melhor idade" são o ressecamento da pele, a osteoporose, as placas de gordura no coração, a pressão lembrando placar de basquete americano, a falência dos neurônios, as baixas de visão e audição, a falta de ar, a queda de cabelo, as tendências à obesidade e as disfunções sexuais. Ou seja, nós, da "melhor idade", estamos com tudo, e os demais podem ir lamber sabão.
Outro dia, bem cedo, um jovem casal cruzou comigo no Leblon. Talvez vendo em mim um pterodáctilo da clássica boemia carioca, o rapaz perguntou: "Voltando da farra Ruy?". Respondi,eufórico: "Que nada! Estou voltando da farmácia!". E esta, de fato, é uma grande vantagem da "melhor idade": você extrai prazer de qualquer lugar a que ainda consiga ir.

Ruy Castro 

3 comentários:

Anônimo disse...

Conversa pra boi dormir a vida é dos 15 aos 35 e pronto.

Anônimo disse...

Curtir as boas lembranças e o que nosso corpo fazia antes é o saudosismo consciente, prazeroso que nos mantém vivo e de que cada minuto que vivemos é sempre o melhor e que você ensina aos outros(esposa, filhos,vizinhos, amigos e até quem não conhece)
Chave mestra para enfrentar um novo desafio que é o próximo minuto em que você terá de criar e valorizar novos momentos, lembranças boas e ruins, também vale para como se adaptar a sua menor capacidade física ou a falta até de um órgão qualquer de nosso corpo.

Viver este minuto é o que há de mais precioso no mundo ultimamente, portanto "Viva bem de verdade", porque "Viver é perigoso".

Ass: Pagador de impostos

Anônimo disse...

Vivem é bom, viver velho é perigoso!