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domingo, 4 de setembro de 2011

NÃO ERA A MACARRONADA



Na cultura alimentar da família pouco ficou do espanhol Jayme Riera. Muito (ou quase tudo) ficou da Vó italiana Térça Tredicce Riera.
Aos domingos, já na casa dos meus pais, o almoço com toda a família reunida era sagrado. Onze filhos sentados à mesa e sempre mais alguns primos e tios. Enorme mesa para 16 pessoas.
Cardápio invariável: Macarronada com molho vermelho (massa caseira), arroz de forno, frango refogado na panela e pernil (com osso) assado no forno da Padaria Boa Vista. Farofa de farinha de milho, com ovos e miúdos de franfo.
O pai se servia na frente, como dando ordem para o ataque sempre educado da tropa.
Nada verde sobre a mesa. Saladas, alfaces, maionese, etc, são frescuras da modernidade.
Cada criança com o seu guaranazinho caçula da Antartica à frente. (um para cada um e olhe lá). Os adultos dividiam uma cerveja Faixa Azul ou Malzibier. Vez por outra um copo do terrível vinho Único (rótulo preto).
Nada sobrava nos pratos exceto uns ossinhos ou tirinha de cebola ajeitados num cantinho.
Ah! Sagrado: Antes de tudo a oração de graças. Todos com os olhos cerrados.
A cerimônia ia longe, com risos, comentários e reprimendas leves.
Sobremesa divina: potinhos individuais de arroz doce cobertos com ligeira camada de canela em pó.
Foi preciso tanto tempo para descobrir que o gostoso e maravilhoso não estava nos pratos.
Estava na reunião de pessoas tão caras.

ER      

4 comentários:

Aldo disse...

Que guaraná caçula? Era guaraná Rádio, de Passa Quatro, evocê enchia a tampinha de curimbós com prego e sacudia e competia com os seus primos carcamanos para ver o de quem durava mais...

Anônimo disse...

SAUDADE

Ah!...Essa nostalgia, essa saudade, essas doces lembranças...Tão presentes no nosso coração!
Infelizmente na vida tudo passa, tudo se acaba, e o passado se torna presente em todos os momentos em que nosso coração se enche de saudade. Eu também sinto. Nós todos sentimos..Chega a doer.
Essa palavra, que só existe na língua portuguesa, tem muita força e significado, por isso a usamos quando temos um aperto no peito. Não sabemos definir esse aperto, pois não sabemos se ele é nostálgico ou se é dolorido, mas sabemos que estamos expressando algum sentimento por algo que nos escapou. Foi bom mas ficou distante.Se tornou lembrança.
Somos sensíveis por natureza e tudo o que tivemos e que fez parte da nossa história ativa nossos sentimentos mais recônditos. Saudade é um sentimento universal, faz parte da natureza humana. Ela se manifesta em algum momento da vida presente e está relacionada a pessoas, fatos e situações vivenciadas no passado.
É normal termos saudades do passado, pois nele somos mais jovens, mais puros, mais inocentes, sem tantas preocupações.
Não fomos criados para sofrer, envelhecer, nos separarmos das pessoas que amamos e dos momentos felizes que vivemos, mas temos a semente do continuar, do viver novas experiências, de ir passando pela vida e abrindo os braços para o novo.
O hoje, um dia também será passado. E teremos saudades...Sempre.
Mahbet1

Beta Riêra disse...

Zézinho,
Lendo isto senti uma saudade imensa.Que tempinho gostos?
Ainda hoje nós tentamos dar continuidade com os nosso filhos.
Abraços
Beta

Aldo disse...

tampinha de curimbós? O que é isso, meu Deus? Enchia a tampinha de buracos feitos com pregos... verdade ou mentira, Terta?