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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

PEGA MAL SOFRER

De um Anônimo do blog:

Eu não sei o que meu corpo abriga/ nestas noites quentes de verão/ e não me importa que mil raios partam/ qualquer sentido vago da razão/ eu ando tão down...” Lembra da música? Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pois é, pega mal. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. “Não quero te ver triste assim”, sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste (agora é Vinícius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia. Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem pra isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor – até que venha a próxima, normais que somos.

Blog: Os anônimos começam a dominar o "viver é perigoso". Tem sido muito bom.

ER

6 comentários:

Anônimo disse...

É isso ai Camarada!

Se você abre uma porta, você pode ou não entrar em uma nova sala. Você pode não entrar e ficar observando a vida. Mas se você vence a dúvida, o temor, e entra, dá um grande passo: nesta sala vive-se!
Mas, também, tem um preço... São inúmeras outras portas que você descobre. Às vezes curte-se mil e uma.

O grande segredo é saber quando e qual porta deve ser aberta.
A vida não é rigorosa, ela propicia erros e acertos.
Os erros podem ser transformados em acertos quando com eles se aprende. Não existe a segurança do acerto eterno. A vida é generosa, a cada sala que se vive, descobre-se tantas outras portas. E a vida enriquece quem se arrisca a abrir novas portas.

Ela privilegia quem descobre seus segredos e generosamente oferece afortunadas portas. Mas a vida também pode ser dura e severa
Se você não ultrapassar a porta, terá sempre a mesma porta pela frente.

É a repetição perante a criação, é a monotonia monocromática perante a multiplicidade das cores, é a estagnação da vida...
Para a vida, as portas
não são obstáculos, mas diferentes passagens!

AnôNimo

Anônimo disse...

Muito bom...
AnôNimo

JÚLIO ANSELMO disse...

Camarada,

É uma pena que um texto maravilhoso como este não venha assinado. Que vontade de saber quem é e poder, de certa forma, tentar amenizar tanta tristeza e desfrutar um pouco de tamanha inspiração.

Abraço.

Edson Riera disse...

Júlio,

Você está sumido do rádio. Onde andas ?

edson

Anônimo disse...

Meu caro Julio....qualquer dia falamos sobre issso.
AnôNimo

Anônimo disse...

Mágoa: sentimento este que como uma nuvem densa encobre todo e qualquer outro sentimento que tenhamos.
Podemos ter um amor imenso, um carinho infinito e uma admiração sem limites, mas, quando esta pessoa nos magoa profundamente, tão profundamente que sabemos que levaremos isso para o último suspiro de nossas vidas, tudo o que era de mais divino e tão forte sentimento é encoberto por outro tão poderosamente e mais forte que nada e ninguém neste universo pode impedir que ele nos tome por inteiro, corrói nosso coração e dilacera nossa alma.
Engraçado, mas tenho a impressão que podemos deixar de odiar, mas não podemos deixar de sentir mágoa.
Que sentimento tão poderoso é este que nos acompanha onde quer que vamos, que está enraizado em todo o nosso ser e que nos mata aos poucos.
Muitas doenças são passiveis de cura com o avanço da medicina, mas até hoje ninguém conseguiu achar um antídoto poderoso o suficiente para curar a mágoa.
Quando perguntamos a alguém: - Você ainda está magoado com tal pessoa? e por uma questão de costume ou educação as pessoas nos respondem que não....
Então, formulamos a pergunta de outra forma: - o que foi mesmo que aquela pessoa te fez? E ouvimos a narrativa detalhe por detalhe de todos os acontecimentos e podemos ver nos olhos da pessoa o brilho do rancor, a voz muitas vezes embarga, mas ao final ela torna a dizer, eu não sinto mais mágoa, já esqueci.
Tolos, é claro que não esqueceram, lógico que não perdoaram, é obvio que a mágoa está lá como ferrugem, corroendo aquele coração e alma.
Esquecemo-nos dos aniversários de entes queridos, de datas de grande alegria, de momentos felizes, mas daqueles que nos magoaram e seus atos, isso jamais!!!
Há sempre um fato, uma palavra, uma cena, uma atitude que estará lá para nos lembrar sempre... Fatalmente, incontestavelmente.
A mágoa vai consumindo cada célula de nosso corpo, somatizando dia a dia, nos destruindo silenciosamente.
E o pior é que quando nos lembramos do algoz que nos magoou, pensamos que ele terá o que merece algum dia... que mais cedo ou mais tarde, ele pagará pelo que nos fez.
O que muitas vezes não sabemos é que aquela pessoa nem sequer se lembra do acontecido, leva sua vida, segue seu caminho e nem sequer olha para trás.
Para ele foi somente um , nada mais, uma fatalidade talvez, um momento de insanidade, mas que com certeza passou e que não há mais importância.
E nós onde quer que estejamos, tomando gota a gota do nosso próprio veneno... e torcendo que se Deus quiser e ele há de querer... o outro irá morrer pelo mal que nos fez!!!