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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O CRIME DE SALVAR UMA VIDA

Escreveu hoje Carlos Brickman

Diz a Bíblia: "Não fique inerte perante o sangue do próximo". O Talmud, compilação das leis judaicas e de suas interpretações, diz que quem salva uma vida salva a Humanidade. No Brasil, um laboratório está sendo processado por uma agência federal pelo crime de colaborar, de graça, para salvar uma vida.
A história inacreditável do processo da Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, contra o Laboratório Baldacci, de São Paulo, começou há três anos. Victor, filho recém-nascido de Bianca Calumby, tem uma doença rara: para viver, precisa de um caríssimo aminoácido, a citrulina, que lhe permite aceitar alimentação. O Laboratório Baldacci, procurado, doou três quilos do aminoácido, que garantiram a vida de Victor até o início deste ano. O Baldacci doou então mais dois quilos - tudo documentado, com pedido médico, doação formal.

A Anvisa, alegando que o Baldacci tinha autorização para usar o aminoácido como matéria-prima, mas não para doá-lo, autuou o laboratório. "Nunca pensei que pudéssemos ser punidos por querer socorrer uma criança", diz, com toda a razão, Ronaldo Abbud, diretor do Laboratório Baldacci. A mãe de Victor completa: "É questão de formalismo cego. Sem o remédio, o garoto teria morrido".

O laboratório fala pouco sobre o caso: pode sofrer retaliações e talvez até perder o certificado de boas práticas farmacêuticas, o que o tiraria fora do mercado. Mas o Baldacci pretende continuar (gratuitamente) cumprindo sua missão: ajudando a salvar vidas. Já a Anvisa prefere cuidar dos formulários e não de vidas.

Carlos Brickman



Um comentário:

wartão disse...

BUROCRACIA NO BRASIL
"Baldacci tinha autorização para usar o aminoácido como matéria-prima, mas não para doá-lo, e portanto a Anvisa autuou o laboratório".
"Nunca pensei que pudéssemos ser punidos por querer socorrer uma criança", disse Baldacci.
É um absurdo que em um mundo dinâmico, evolutivo e instável, aceitemos uma estupidez igual a essa.
Parece que Albert Einstein tinha razão quando afirmou que:
"Apenas duas coisa são infinitas, o universo e a estupidez humana".