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sábado, 8 de abril de 2023

DIA DO JORNALISTA



Joseph Pulitzer, alemão de origem que fez história nos Estados Unidos no final do século 19 com seu jornal World.

Foi Pulitzer quem rompeu com a tradição de publicar as notícias na ordem cronológica. Ele estabeleceu a hierarquia no noticiário. Estava inventada a manchete, assim, bem como a primeira página. 

Era um jornalista brilhante, ambicioso, e inevitavelmente acabou tendo seu próprio jornal. 

Sua lógica como empreendedor no jornalismo era irretocável:

“Circulação significa anúncio, anúncio significa dinheiro, dinheiro significa independência.”

Essa independência não era estendida para os jornalistas que trabalhavam para ele. Pulitzer disse a um deles: “Acima de tudo, você é pago para veicular minhas ideias, meus anseios, meu julgamento.”

Se aquele funcionário fosse talentoso como ele próprio, Pulitzer lembrou, já teria “seu próprio jornal”. Nunca um barão da imprensa foi tão claro, como Pulitzer, em relação a quem manda na redação.

Sua visão de jornalismo é ainda hoje perfeita. “Para se tornar influente, um jornal tem que ter convicções, tem que algumas vezes corajosamente ir contra a opinião do público do qual ele depende”, afirmou.

Era um idealista, um liberal, um homem quase de esquerda. 

“Acima do conhecimento, acima das notícias, acima da inteligência, o coração e a alma do jornal reside em sua coragem, em sua integridade, sua humanidade, sua simpatia pelos oprimidos, sua independência, sua devoção ao bem estar público, sua ansiedade em servir à sociedade”, escreveu.

Tinha uma frase que me me tem sido particularmente cara na carreira:

“Jornalista não tem amigo.”

Como a “Deusa Cega da Justiça”, afirmava Pulitzer, ele ficava ao largo das inevitáveis influências que amizades com poderosos trazem. “O World, por isso, é absolutamente imparcial e independente.”

Seu catálogo de inovações inclui a fundação de uma escola de jornalismo na Universidade de Colúmbia, na qual o principal ensinamento deveria ser “ética”, e a criação de um prêmio jornalístico que se tornaria o mais importante do mundo, e que hoje conserva vivo o sobrenome do seu mentor.

Não bastasse tudo, Pulitzer inventou indiretamente ainda o formato dos tablóides.

Ele só não conseguiu uma coisa: ser feliz. Foi essencialmente um gênio atormentado.

Se você quer aprender a viver, esqueça Pulitzer. Mas se quer aprender jornalismo estude-o com profundidade.

Paulo Nogueira

(1956/2017)

Viver é Perigoso



5 comentários:

Anônimo disse...

“Acima do conhecimento, acima das notícias, acima da inteligência, o coração e a alma do jornal reside em sua coragem, em sua integridade, sua humanidade, sua simpatia pelos oprimidos, sua independência, sua devoção ao bem estar público, sua ansiedade em servir à sociedade”.
Triste ver o que se tornaram as redes sociais hoje.
Praticamente temos hoje um órgão de imprensa na mão de cada um.
Sem nenhum controle ou responsabilidade.
Quase sempre não se produz conhecimento, humanidade muito menos serviços à sociedade.
Tudo usado para desinformar, mentir e atacar.
Enquanto as mídias tradicionais só definham.
Com tudo isso Pulitzer,ainda vivo, seria um gênio muito mais atormentado.
Observador de Cena

Anônimo disse...

Jornalista?
Parece q hoje tá difícil.
A maioria virou "comentarista" da notícia dada e engoliu tudo da arrogância.
Bons tempos se foram.
E a tendência é piorar depois q implantaram a fake News.
Credibilidade já era.
Como dizia Juca Chaves "até q publicam ou falam a verdade quando são bem pagos"
Uma pena pois eles tem um grande poder....

Anônimo disse...

A culpa é deles mesmos que se venderam e perderam a credibilidade, a independência , a moral no "tudo por dinheiro ".
Como vários segmentos....
Difícil.

Anônimo disse...

Como todo segmento das relações humanas têm-se falhas também no jornalismo profissional.
Só que suas matérias podem ser checadas, respondidas e até levadas ao judiciário se for o caso.
Afinal têm um nome, uma marca, um CNPJ ou CPF, um endereço.
E em último caso uma perda de credibilidade.
Mas nada, nada mesmo de ruim do jornalismo profissional se compara aos malefícios provocados pelo uso indiscriminado das redes, das fake news, das notícias dadas e replicadas sem nenhuma checagem ou verificação.
Plataformas se isentam
Estão aí em todos os países democráticos exemplos de tentativas de estabelecer algum tipo de controle.
Observador de cena

Anônimo disse...

Depois de derramado já era....depois de rasgado não tem conserto... depois de falado já era...e assim é....