Era costume, em algumas noites da semana, tios, tias e primos se juntarem na casa do Vô Jayme Riera e da Vó Terça, na Boa Vista, é claro, para jogar víspora.
A rodada valia alguns centavos, premiando, terno e a quina. Cartões triplos dobráveis de papelão e marcação dos números sorteados, usando grãos de milho.
Pedras de madeira com números em alto relêvo, o que facilitava a vida do cantador.
O cantador oficial era o querido Tio Luís, também proprietário e fundador do famoso Bar Caçador, que marcou época na cidade.
Não era para amadores. O tio Luis nunca cantava o número e sim o seu apelido. Como não repetia, era comum a criançada "passar bolão", isto é (para os leigos), engolir e não marcar o número cantado.
Jamais esqueci o número 69. Segundo ele, "de qualquer jeito é triste".
Hoje, retrataria bem o momento vivido pelo nosso País.
Estaria na hora do meu tio cantar "ali-babá". Era o número 40.
Pensando bem, seria melhor cantar logo a "última do saco". Claro que era o 90.
Viver é Perigoso
3 comentários:
Tá mais pra "ali-babá" e muito mais que 40 ladrões , podes crer....
Pobre brasil....
Como ficamos pequenos.
Nao entendo a tristeza do 69.
Qual seria?
(Pergunto inocentemente, sabendo o risco que corro de ser mal interpretado, ja que hj 69 tem um significado mais animado)
Depois de veio é mesmo triste...kkk
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