E por falar em joias e ouro.
A gente se dá conta da nossa data de validade, quando lê que no próximo 19 de maio, completam 59 anos do início da "Campanha Ouro Para o Bem do Brasil", em Itajubá.
Foi em 1964, poucos dias após o "golpe de 64". Gostoso falar em golpe.
A campanha, aqui na terrinha, aconteceu na Praça Amélia Braga, em frente ao Fórum Municipal, com banda de música, fogos e grande concentração cívica.
Os casais que doassem suas alianças de casamento, por exemplo, receberiam de volta alianças de metal e um diploma com os dizeres: “Doei ouro para o bem do Brasil”.
Houve quem doasse colares, brincos e outros objetos de ouro, até dinheiro do próprio bolso, para ajudar o país a se levantar.
O Dr. Wenceslau Braz ofereceu a caneta de ouro, com incrustações de pedras preciosas, com que assinara a Declaração de Guerra à Alemanha, por ocasião da 1ª guerra mundial em 1914. Ficava exposta numa vitrine protegida.
Duas notas não muito alegres:
Eu estava presente no evento com meus 16 anos e no impulso doei uma correntinha, banhada a ouro, que carregava no pescoço.
Justificativa: Fiquei emocionado com foguetes, dobrados da Lira São José e os inflamados discursos do locutor oficial, Sr. Sebastião Inocêncio Pereira. Achei que tinha que fazer alguma coisa.
Aliás, foi a segunda vez que o mesmo locutor me emocionou. Na primeira, com doze anos de idade, marchando num sete de setembro com o uniforme caqui do Colégio de Itajubá, ao passar em frente ao palanque, suando em bicas, com o sapato novo insistindo em engolir as meias, quase cheguei às lágrimas, tendo ao fundo o rufar de tambores, ouvir: "amanhã esses jovens carregarão a nação ! ". Foi demais.
Voltando ao ouro:
A revista “O Cruzeiro”, em 13 de junho de 1964, apresentou um balanço parcial da campanha informando que mais de 400 quilos de ouro e cerca de meio bilhão de cruzeiros haviam sido doados pelo povo.
Como tradição no País, jamais foi informado onde foram parar todo o ouro e o dinheiro arrecadado.
Confesso. A correntinha, para mim, tinha valor bem maior do que o simples material. Foi presente recebido. Perdão se quem a me presenteou, tomar conhecimento hoje, da minha desfaçatez.
Viver é Perigoso
4 comentários:
Naquele tempo a gente tinha o espírito patriótico.
Hoje nem espírito se tem
Como transformamos em nada.
Pobre povo.
Sim, espirito patriótico...
E o ouro vou parar onde mesmo????
Estas campanhas são tudo enganação.
Doar para o governo?? Já faço isto todo mês, direto da fonte.
Sem falar nos indiretos, IPTU, IPVA, ISS, E O ESCAMBAU DE MADUREIRA.
Em Cuba é mais tranquilo, cumpanheiro.
A gente não doa pro governo a gente paga impostos para serem gerenciados e retornados ao País...o problema é q a gente coloca ladrões para administrar e depois ficamos reclamando.
Enquanto não soubermos votar vamos viver assim, manipulados pelos espertos.
Vai demorar....pra sermos educados..do jeito q vai, esquece e mete a mão no bolso e não reclama.
Brasileiro bonzinho.
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