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quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

COM OS NERVOS À FLOR DA PELE



Roberto (o nome é fictício), 54, policial legislativo aposentado, passou 60 dias com a família dormindo no acampamento bolsonarista em frente ao quartel-general do Exército em Brasília. Aqui, ele conta por que foi parar lá e por que decidiu ir embora no dia do Ano Novo.

Por que o senhor levou sua família para ficar 60 dias numa barraca diante do QG do Exército?

“Para impedir que o comunismo tome conta do país. O que é o comunismo? Comunismo é o seguinte: você trabalha e você tem dois celulares. Aí tem outro que não tem nenhum. “Dá o seu celular pra ele, coitado”. Você trabalha, tem uma terra e tem outro que não tem terra nenhuma. “Ah, divide a terra com ele, coitado”. É gente que quer viver na aba do governo. O comunismo é isso. E Bolsonaro é o único que pode impedir o Brasil de ser tomado pelo comunismo”.

Por que o senhor resolveu ir embora hoje?

“Amanhã, dia do Ano Novo, vai faz 60 dias que vim para cá. Passei a noite de Natal aqui, debaixo da chuva. Podíamos ter passado em casa [Roberto e a família moram em Brasília], mas achamos que não era justo abandonar nessa data as pessoas de Rondônia, Roraima, Acre que viajaram 2.300 quilômetros para estar aqui. Mas o cansaço físico é o de menos. Eu estou mais cansado mentalmente. Essa guerra de informações é que mata. “É hoje!”. “Você viu o sinal? Vai começar!”. Um dia desses aí, perto do Natal, soltaram fogos. “Pá-pá-pá-pá-pá”. Pôxa, a gente chegou a comemorar, achando que já era alguma coisa. Aí não era nada. Aí começa tudo de novo. E aí não acontece nada outra vez. Eu estou com os nervos à flor da pele.
Mas estou triste de ir embora. Minha filhinha chora porque não quer ir. Hoje de manhã eu disse a ela: “Papai vai tirar a cama do seu quarto e vai colocar uma barraca no lugar”. Aí ela ficou mais contente. Já canta inteirinha a música “sou brasileiro, com muito orgulho, com amor’.

Bolsonaro o decepcionou?

“Pelo amor de Deus! Claro que não. Eu estou com ele onde ele for. A minha família está com ele onde ele for. Ele não deixou mácula. Tem uns aqui que reclamaram porque ele saiu do país, acham que ele deveria ter ficado. Mas, meu Deus, ele iria ser preso! Deixa ele descansar. O homem ficou quatro anos sendo massacrado. Ele era um cara que nos incorporava, que falava o que nós queríamos falar. Ele pegou todo mundo e falou: “Deixa que eu falo por vocês”. Ele falava o palavrão dele e tal. Pô, eu gostava. Porque ele era ele.
Eu não acredito no Congresso nem no Supremo, claro, mas eu acredito nas Forças Armadas.
O outro tomou posse? E daí? Eu tenho esse lado policial, tenho treinamento, eu entendo essa demora. É uma estratégia. Se eu vou fazer uma operação no morro, eu não vou chegar lá e falar: “Senhor bandido, amanhã eu tô indo aí”. Não é desse jeito. Eles [os militares] não podem chamar a atenção do mundo. Não tem um prazo, mas vai acontecer alguma coisa, escreve aí. Eu tenho fé.”

Thaís Oyama - Uol

Viver é Perigoso

Um comentário:

Anônimo disse...

Tenham paciência com petistas, com esquerdistas, pois o cérebro deles é como a caixa preta
de um avião, só abre depois que a tragédia acontece,.
As vezes demora.
Não adianta insistir.
Vamu q vamu.