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sábado, 10 de dezembro de 2022

JÁ NÃO HAVIA NINGUÉM


Sim, muitos alemães contestaram o regime nazista. Emil Gustav Friedrich Martin Niemöller (1892/1984), foi um deles.

Niemöller é o autor de um pequeno texto antinazista, muito conhecido, mas raramente atribuído a ele. Originalmente, o texto foi extraído de um sermão ministrado por ele na Igreja Confessional de Frankfurt, em 6 de janeiro de 1946.

Fala-se em inspiração baseada em poema do russo Maiakovski (1893/1930), com adaptações face a época e aos acontecimentos. No Brasil, tem o título "E não sobrou ninguém".

"Quando os nazistas vieram buscar os comunistas, eu fiquei em silêncio; eu não era comunista.

Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu fiquei em silêncio; eu não era um social-democrata.

Quando eles vieram buscar os sindicalistas, eu não disse nada; eu não era um sindicalista.

Quando eles buscaram os judeus, eu fiquei em silêncio; eu não era um judeu.

Quando eles me vieram buscar, já não havia ninguém que pudesse protestar."

Niemöller, durante a Primeira Guerra mundial, serviu como comandante de submarino vindo a ser condecorado com a Cruz de Ferro.

Estudou Teologia em Münster. Foi ordenado em 29 de junho de 1924. Em 1931 tornou-se pastor da Jesus Christus Kirche, em Berlim.

Mesmo depois de formar-se em Teologia, permaneceu fiel à sua ideologia nacionalista e conservadora, não estando inteiramente livre de preconceitos anti-semitas e concordava com o antagonismo dos nazistas ao comunismo. Portanto apoiou a ascensão de Hitler ao poder, em 1933, acreditando que isso significaria um novo despertar nacional. 

Mas, pouco depois, Niemöller entraria em conflito crescente com o novo governo.

No outono de 1933, para impedir a segregação de cristãos de origem judaica, Niemöeller criou, com Dietrich Bonhöffer (assassinado em 1945 em um campo de concentração), a "Liga Pastoral de Emergência"), que foi transformada na Igreja Confessional em 1934 e se tornou em um importante centro da resistência alemã protestante ao regime nazista.

Em 1935, é preso pela primeira vez e logo libertado. Martin Niemöller já era tido nessa época como o mais importante porta-voz da resistência protestante. Em julho de 1937, Niemöller foi preso novamente e condenado a 7 meses de prisão.

Para Hitler, no entanto, a sentença pareceu muito suave. Ele enviou o pastor como seu "prisioneiro pessoal" para o campo de concentração de Dachau, onde permneceu por mais de sete anos. Foi libertado pelos aliados.

Após a Guerra, Niemöller participou da reorganização da Igreja Protestante, foi conselheiro da Igreja Evangélica na Alemanha e presidente do Conselho Mundial de Igrejas.

Tomou o barco em 1984, aos 92 anos.

Viver é Perigoso

2 comentários:

Anônimo disse...

Olhando para a situação brasileira de hoje, que nos sirva de exemplo.
Bolsonaro voltou a estimular as manifestações depois de 40 dias de um silêncio que pedimos por 4 anos.
Discurso ambíguo para não ter problemas com a justiça, mas logo depois da derrota para a Croácia.
Suficiente para inflamar novamente os mais radicais.
Alguns especialistas diziam que a copa tinha trazido um pouco de calma na polarização.
Afinal estamos quase todos imbuídos de um sentimento de quase nação.
Esperto para o mal e para se manter como líder dessa turba ele sabe aproveitar as oportunidades.
Infelizmente.
Observador de Cena

Anônimo disse...

A única coisa boa que o bolsonarismo trouxe, se é que podemos falar assim, foi podermos identificarmos a quantidade de idiotas que vivem ao nosso lado.
Com o fim da copa ficou mais fácil ainda...A desculpa da bandeira por estar torcendo acabou!
Triste a bandeira nacional se tornar um símbolo de idiotice.