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segunda-feira, 6 de junho de 2022

A QUEIMA DOS LIVROS



Em 28 de outubro de 1986, após vários dias de viagem, o navio a vapor Peban, do Panamá, finalmente atracou no porto chileno de Valparaíso. Enquanto se preparava para preencher os documentos da alfândega, a tripulação recebeu a notícia de que parte da carga seria apreendida.

O capitão, que tinha certeza de que toda carga de seu navio estava em ordem, perguntou que mercadoria eles iriam reter.

A resposta foi a que ele menos esperava: os livros.

Especificamente, 15 mil exemplares de "A aventura clandestina de Miguel Littín no Chile", escrito pelo ganhador do Prêmio Nobel de Literatura Gabriel García Márquez. Os livros tinham sido enviados do porto de Boaventura, na Colômbia, país natal de García Márquez.

Os livros eram destinados a Arturo Navarro, representante da editora Oveja Negra no Chile. Na época, a editora era a responsável pela publicação dos livros do escritor no Chile.

O livro conta as dificuldades do cineasta chileno Miguel Littín, que vivia no exílio desde o golpe que levou Augusto Pinochet ao poder em 1973.

Indo a Valparaíso, buscando ter sua carga com os livros de volta, Arturo Navarro recebeu de um militar a informação que os livros haviam sido queimados. Ele não acreditou.

Um de seus colegas recomendou que a melhor forma de obter uma resposta do regime seria pelos canais diplomáticos, então ele decidiu ir à embaixada colombiana, país de origem dos livros. Foi ajudado pelo cônsul colombiano Libardo Buitrago.

Pouco depois, por pressão do país estrangeiro, um documento muito revelador chegou ao cônsul, uma carta datada de 9 de janeiro de 1987, assinada pelo vice-almirante John Howard Balaresque, que não só confirmava a cremação dos livros, mas também as razões: as cópias de A aventura clandestina de Miguel Littín no Chile foram queimadas como "uma medida de censura prévia" sob o argumento de que o conteúdo "transgrediu abertamente as disposições constitucionais". (BBC)

Viver é Perigoso

2 comentários:

Anônimo disse...

Como já comentado aqui excelente livro de do livro de Ray Bradbury e filme tb de François Truffaut, Fahrenheit 451 de 1966 já antecipava. Observador de Cena

Anônimo disse...

A "queima" da memória:
“Acabou, porra! Me desculpe o desabafo. Acabou! Não dá para admitir mais atitudes de certas pessoas individuais tomando quase que de forma pessoal certas ações." ... o Jair sobre uma decisão monocrática do Alexandre de Moraes no caso das fakes news.
" Acertada a decisão do ministro Kássio".... o Jair sobre a decisão monocrática do ministro Kássio que livrou da cassação deputados cassados pelo colegiado da justiça eleitoral.
Pois é....