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terça-feira, 19 de abril de 2022

PARA QUE NUNCA MAIS ACONTEÇA



João Antônio Santos Abi-Eçab, estudante de filosofia, então com 25 anos de idade e sua companheira, Catarina Helena Abi-Eçab, então com 21 anos, eram participantes do movimento Vanguarda Popular.

Foram presos pela ditadura em novembro de 1968. Nos jornais, na época, a versão da ditadura era que o casal morreu no dia 8 de novembro de 1968, em um acidente automobilístico na rodovia BR 116, Km 69, na altura da cidade de Vassouras.

Publicado hoje (19) no Uol, pela Juliana Dal Piva:

O soldado reformado Valdemar Martins de Oliveira, 71 anos, serviu na Brigada Paraquedista, na Vila Militar, do Rio de Janeiro, e trabalhou, ao longo do ano de 1968, como um espião da ditadura militar e atuou com alguns dos agentes mais violentos das Forças Armadas no período. 

Em entrevista à coluna, ele relatou como presenciou a tortura e a execução a tiros de João Antônio e Catarina Abi-Eçab, militantes da Ação Libertadora Nacional (ALN). 

Segundo o soldado, ele tinha como tarefa se misturar no meio dos grupos opositores, fotografar pessoas em passeatas e monitorar suas ações. 

Em novembro de 1968, ele teve que monitorar o casal Abi-Eçab, que vivia em Vila Isabel, na zona norte do Rio. Entre os dias 6 e 7 de novembro daquele ano, dois carros do Exército, uma rural Willys e uma DKW Vemag foram ao local prender o casal. 

Quem comandava a ação pelo Exército era o então capitão Freddie Perdigão Pereira, com fama de violento. Oliveira estava junto e acompanhou quando o casal foi levado com vida do apartamento onde estavam. Após prender o casal em Vila Isabel, os militares começaram a agredir os dois e iniciaram o interrogatório em meio à mata da Estrada da Cascatinha, no Alto da Boa Vista, na zona norte do Rio. Depois, decidiram levar os dois para um sítio em São João do Meriti. 

Nesse local, segundo Oliveira, a violência chegou ao ápice e culminou na morte dos dois.

"Tinha uma pilha de tijolos que parecia uma pia com uma cava. Ali fizeram um pau de arara. Ela (Catarina) foi colocada ali nua. Tiraram a roupa e foi colocada lá e aquela sessão de pancadaria.  Ela não falava e não falava porque calculo que não sabia porque uma pessoa apanhando daquela forma. Depois o João Antônio foi trazido e ela foi tirada de lá e ele foi colocado pau de arara. Após quatro horas de tortura com choques e espancamento, o casal foi executado. Eles ficaram desfalecidos e foram dispostos um do lado do outro no chão. Aí o Perdigão disse: 'Esses aí não servem mais para nada e sacou uma pistola e deu um tiro na cabeça de cada um".

Em tempo, em dezembro de  2005, o governo brasileiro publicou o decreto-lei que concedeu uma indenização a 8 vítimas da ditadura, baseando-se na Lei dos Desaparecidos Políticos do Brasil. Entre os nomes estão os familiares de João Antônio Santos Abi-Eçab e da Catarina Helena Abi-Eçab.

Viver é Perigoso

Um comentário:

Anônimo disse...

Segundo um colega comentarista em episódios como esse só devemos olhar o futuro. Confúcio (551- 479 a.C.) disse "Se queres prever o futuro, estuda o passado."