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segunda-feira, 6 de setembro de 2021

OS GALINHAS VERDES


A Batalha da Praça da Sé foi um conflito entre antifascistas e integralistas no centro da cidade de São Paulo no dia 7 de outubro de 1934. 

A Ação Integralista Brasileira (AIB) havia marcado para aquele dia um comício em comemoração aos dois anos do Manifesto Integralista, e, tão logo souberam dessa intenção, os antifascistas da capital paulista se organizaram para impedir a realização do evento. O conflito, que resultou em sete mortos — entre eles um estudante antifascista, três integralistas, dois agentes policiais e um guarda civil — e cerca de trinta feridos.

Lembrando, a Ação Integralista Brasileira (AIB), era uma agremiação de inspiração fascista fundada por Plínio Salgado (também natural de São Bento do Sapucaí) e que, com o lema “Deus, pátria e família”. A marca registrada dos Integralistas era o uso de camisas verdes.

Para os que estão chegando agora, Plínio Salgado era de São Bento do Sapucaí e teve como braço direito no Partido Integralista, Miguel Reale, nascido na mesma cidade e que em meados de 1913, foi com sua família morar em Itajubá, na esquina da Rua Nova com a Praça Wenceslau Braz, onde hoje é a CDL.

Já pela manhã do dia 7/10/1934, os antifascistas começaram as movimentações para a contramanifestação na Praça da Sé, enquanto os integralistas se reuniam nas proximidades, ocupando um largo trecho da Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, que ia da Avenida Paulista até a sua sede, localizada junto ao cruzamento da Brigadeiro com a Riachuelo, próximo ao largo São Francisco. Na Estação do Norte, centenas de integralistas uniformizados desembarcavam do interior do Estado.

Ali pelas 14:00 horas, quatrocentos homens, pertencentes ao 1º, 2º e 6º Batalhões de Infantaria, Corpo de Bombeiros e Regimento de Cavalaria, já ocupavam toda a Praça, sob o comando do coronel Arlindo de Oliveira. A Guarda Civil também estava presente com um grande dispositivo armado de fuzis e metralhadoras. Logo, todas as ruas que levavam à Praça da Sé foram fortemente policiadas. Na João Mendes, cavalarianos, com grossos mosquetões, estavam cuidando das passagens que davam acesso à Sé. Na Rua Santa Teresa ... um contingente da Guarda Civil ostentava fuzis-metralhadoras.

Com os oponentes muito próximos, iniciaram algumas provocações, com gritos de “morra o integralismo” e “fora galinhas verdes”. Os integralistas prontamente reagiram e iniciou-se um princípio de tumulto, com bengaladas, pontapés, socos e safanões. A polícia logo interveio e alguns tiros foram disparados, causando pânico entre os presentes.

O clima continuou tenso, com manifestantes antifascistas gritando palavras de ordem contra os integralistas, enquanto estes cantavam seus hinos. O confrontou irrompeu após os disparos de uma metralhadora, que atingiu três guardas civis, matando um deles e causando o pânico geral.

Começou então o tiroteio. As balas sibilavam em todas as direções, vindas de todos os pontos da praça, das esquinas das ruas, das portas dos prédios, onde se entrincheiravam grupos de pessoas armadas que atiravam contra os “camisas verdes”. Ouviram-se estrondos semelhantes ao das granadas de mão e parece que, de fato, foram empregadas no combate, pois foram encontrados estilhaços na Praça da Sé.

Ao final do conflito, os integralistas debandaram e abandonaram suas camisas verdes pelas ruas do centro da cidade, para evitar mais agressões. O jornal "A Plebe", de maneira sarcástica, descreveu a debandada da seguinte forma:

Grupos de "camisas verdes" desciam as ladeiras Porto Geral, Ouvidor, Rua Líbero, procuravam refúgio atrás dos automóveis e nas casas. Muitos foram os que arrancaram a camisa e ficaram em camiseta de esporte, vendo-se, ao cair da tarde, e à noite, magotes de rapazinhos cheios de medo, que vieram do interior pensando que vinham para uma festa.

No Rio de Janeiro, o "Jornal do Povo", do Aparício Torelly (Barão de Itararé) publicou várias reportagens ao episódio paulista, procurando descrever o acontecimento de forma satírica e fazer pilhéria dos integralistas. Numa delas constava “A debandada integralista, como se vê, foi na mais perfeita desordem. Vê-se à esquerda um galinha-verde escondido atrás do poste, e no centro vários acocorados.

Viver é Perigoso


2 comentários:

Anônimo disse...

Outra passagem da história brasileira do século XX que eu receio que possa ser lembrada nessa semana é o atentado do Riocentro em 1981, quando alguns direitistas radicais do exército insatisfeitos com a abertura política colocaram uma bom no centro de convenções para que se colocasse a culpa na esquerda e o regime voltasse a se fechar. O feitiço virou contra o feiticeiro na época. Espero estar muito enganado e que isso seja apenas uma lembrança e não venha a ter relação com acontecimentos atuais.

Anônimo disse...

Plano Cohen = Bomba no Riocentro = Voto Impresso