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sábado, 26 de junho de 2021

ZUZU - MOÇA BONITA


Zuleika de Souza Netto, simplesmente, Zuzu Angel. Mineira de Curvelo, nascida em 1921.

Personagem notória do Brasil da época da ditadura militar, ficou conhecida nacional e internacionalmente não apenas por seu trabalho inovador como estilista de moda. Pioneira na moda brasileira, fez sucesso com seu estilo em todo o mundo, principalmente nos Estados Unidos, mas também por sua procura pelo filho, Stuart Angel, assassinado pelo governo e transformado em desaparecido político. 

Zuzu, ainda menina foi para Belo Horizonte e de lá para a Bahia. Em 1939 foi morar sozinha no Rio de Janeiro. Casou-se com o americano Norman Angel Jones, com quem teve três filhos: Stuart Angel Jones, Hildegard e em 1952, Ana Cristina. 

Na virada dos anos 60 para os anos 70, Stuart Jones, filho de Zuzu e então estudante de economia, passou a integrar as organizações de esquerda que combatiam a ditadura militar. Preso em 14 de abril de 1971, Stuart foi torturado e morto pelo Centro de Informações da Aeronáutica - CISA e dado como desaparecido pelas autoridades (estava com 25 anos).

A partir daí Zuzu entraria em uma guerra contra o regime pela recuperação do corpo de seu filho. Foram anos em busca do corpo do filho, sem poder dar-lhe um enterro, pois o corpo de Stuart nunca foi encontrado e consta como desaparecido político brasileiro.

Em 1976, a própria Zuzu morreu em um acidente na Estrada da Gávea, à saída do Túnel Dois Irmãos, investigado como extremamente suspeito - seu carro, segundo testemunhas, teria sido fechado, o que fez com que ela batesse na mureta e despencasse numa altura de cerca de 5 metros.

Em 2019, sua filha Hildegard Angel, através de mandado judicial,  conseguiu finalmente emitir as certidões de óbito de sua mãe, Zuleika, e de seu irmão, Stuart. As causas das mortes foram atestadas como "morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro, no contexto da perseguição sistêmica e generalizada à população identificada como opositora política ao regime ditatorial de 1964 a 1985".

O túnel que liga o bairro de São Conrado à Zona Sul na cidade do Rio de Janeiro foi batizado em homenagem a ela.

Seu nome está gravado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, um memorial cívico fúnebre para homenagear pessoas brasileiras que, de algum modo, serviram para a maturidade e engrandecimento da Nação Brasileira. Os nomes dos homenageados constam no "Livro de Aço", também chamado "Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria", o qual lhes confere o status de "herói nacional".

Se estivesse viva, a costureira - como gostava de ser chamada - teria completado 100 anos no último dia 5 de junho.

Viver é Perigoso

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