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quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

SAUDADE

O saudoso Rubem Alves, que teve educação religiosa protestante, confessava que, quando menino, lá nas Minas Gerais, tinha uma única inveja dos católicos: o presépio, armado no Natal.
 
A cabaninha coberta de sapé, Maria, José, os pastores, ovelhas, vacas, burros, misturados com reis, anjos e estrelas, numa mansa fraternidade, contemplando uma criancinha, mexiam com o pequeno Rubem. 

Também lhe comovia a alegria dos católicos mais humildes ao transformarem pobres salas de visitas em lugares sagrados.

Acho que todos nós, católicos ou não, sempre nos sentimos fascinados pelo presépio de Natal. Se não tanto pela cena, ao menos pela singeleza da representação. 

Rubem Alves dizia sentir uma tranquila beleza triste diante dela. Que fazia acordar uma ausência na alma dele, a lembrança de algo que teve e perdeu. A essa ausência, ele chamava de “saudade”. Mas, com precisão poética, fazia questão de advertir: “Eu não tenho saudade. É a saudade que me tem”

Célio Heitor Guimarães - Blog do Zé Beto

Viver é Perigoso

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