No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor lençóis.
-Deixa que eu ajudo.
Reuniu suas forças e pegou, pela primeira vez, seu pai no colo.
Colocou o rosto de seu pai contra seu peito.
Ajeitou em seus ombros o pai consumido pela doença: pequeno, enrugado, frágil, trêmulo.
Fiou segurando um bom tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável.
Embalou o pai de um lado para o outro. Aninhou o pai. Acalmou o pai.
E apenas dizia, sussurrando:
- Estou aqui, estou aqui, pai.
O que um pai quer ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali.
Carpinejar
Viver é Perigoso
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