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quarta-feira, 24 de junho de 2020

FALOU E DISSE


A interrogação jornalística é perturbadora. Queima, arde, irrita. É uma afta insuportável. Mas é preciso alertar aos que a temem. Ela é ferramenta básica dessa atividade. A sombra perseguidora de alguns. Parece óbvio, mas o óbvio passou a ser muito necessário. É por isso que o jornalismo pode ser tão perturbador. A interrogação é aliada de uma sociedade bem informada, que deseja e que compreende a importância da interpretação mais honesta possível dos fatos. É sangue da democracia, com seu tenso, às vezes, incompreensível e confuso sistema de pesos e contrapesos. Fazem parte a divergência, a dúvida, a liberdade de interpretação, o respeito à maioria e à Constituição.

Não é de se estranhar, por isso, que o barulho de uma interrogação para um autoritário, de pensamentos antidemocráticos, dentro da democracia, soe como uma facada. Perfura a alma e os desejos mais fortes de ocultação. A reação de quem não a suporta é imediata, intempestiva e reveladora. Conheça, de fato, um agente público e político, conheça alguém que deve satisfação de seus atos à sociedade, colocando-os diante da interrogação.

Laerte Cerqueira

Viver é Perigoso

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