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terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

O ENCONTRO


Encontrei hoje com um amigo que há algum tempo perdeu o filho. Um moço que tomou o barco com muitíssima antecedência. Um simples cumprimento, sem palavras.

Ainda não nos havíamos encontrado.

Lembrei-me  de um encontro com outro grande amigo )José Luis Chiaradia) que já partiu, numa ocasião semelhante a de hoje. Sem palavras, abracei-o, que murmurou uma frase marcante:

- É a perda definitiva.

Agora, dando uma lida no El País, dou de cara com um artigo escrito pela Dra Elaine Gomes dos Reis Alves, o qual resumo:

"A perda de um filho é insuportável, indescritível e inominável. Nem mesmo se consegue uma denominação para esses pais. Filhos que perdem pais são órfãos, cônjuges ficam viúvos, mas para a dimensão dessa perda não há nome.

A morte de um filho rompe com a lógica cronológica de que os pais morrem primeiro, jamais o contrário. Independente de quando ou como os pais aprendem a viver sem esse filho, essa perda é como uma cicatriz sempre visível que, com o tempo poderá sangrar menos, mas sempre será sensível e dolorida.

Filhos representam o futuro, continuidade, a descendência, o legado, sonhos e expectativas, idealizações, projetos, esperanças, desejos, fantasias e várias outras coisas impossíveis de serem descritas.

A morte do filho não rompe esse vínculo, e os pais iniciam uma árdua jornada para manter e preservar-lhes a memória. O medo de esquecê-los e que eles sejam esquecidos somados ao vazio da falta e à aniquilação do futuro provocam essa dor, relatada como a mais difícil de ser enfrentada. Para os pais, perdê-los é como tirar a própria vida. A morte do filho é a fonte de pesar mais atormentadora e dolorosa."

Viver é Perigoso

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