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sábado, 20 de outubro de 2018

É DISCO QUE EU GOSTO



De acordo com alguns dados, Le Freak (que foi lançada em setembro de 1978, há exatamente 40 anos) é o single mais bem-sucedido da história da gravadora Warner.

Véspera de Ano Novo de 1977. Nile Rodgers, guitarrista do grupo Chic, e Bernard Edwards, baixista, estão esperando para entrar no Studio 54 pela porta dos fundos, reservada para os mais ilustres convidados. Grace Jones, que toca lá nessa noite, se declarou fã da banda e de seu primeiro disco, lançado no mesmo ano.

Mas o plano não funciona, nem seus elegantes ternos brancos nem o fato de estar na lista de convidados da estrela da noite, Grace Jones, fazem com que sejam autorizados a entrar no Studio 54, a discoteca onde tudo acontece. A geada de 1977 provoca um dos invernos mais duros que se tem memória no estado de Nova York. A neve cai com força sobre Manhattan nessa noite.

Rodgers e Edwards (que não eram os únicos membros do Chic, mas seus fundadores) decidiram ir para o apartamento de Rodgers, não muito longe da discoteca. E, determinados a não jogar fora a oportunidade de uma festa na véspera de Ano Novo, compraram champanhe e outros estimulantes pelo caminho.

Lá, animados pela raiva que ainda sentiam pelo fato de a noite ter dado errado e provavelmente estimulados pelas substâncias que tinham levado para o apartamento, começaram a improvisar uma melodia na guitarra e uma linha de baixo enquanto gritavam coisas dedicadas ao pessoal do Studio 54, por exemplo: “Que se fodam!” (“Fuck off” em inglês). Esse “fuck off” se tornaria o principal elemento de uma canção ainda em estado embrionário que Rodgers descreve como “uma sucessão de puras obscenidades”, mas “com melodia e textura”.

Então decidiram gravá-la e transformá-la em uma fita demo, convencidos de que aquele delírio de uma noite etílica tinha verdadeiras possibilidades de ser um sucesso. Claro, o caminho para o sucesso passava por limpar e mudar aquela letra insolente. Nada de “fucks” ou insultar o público do templo da música disco. É por isso que o “fuck off” do refrão passou a ser o mais decoroso (e, a longo prazo, pegajoso) “Freak out!” (Algo como “Enlouqueça!”).

El País

Viver é Perigoso

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