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terça-feira, 30 de janeiro de 2018

TAMBÉM JÁ FUI EMBORA


Escreveu Juan Arias - Espanhol brasileiro do El País

Alguém me disse que às vezes, na vida, é necessário perder uma coisa para apreciá-la. Foi o que aconteceu com a minha experiência no Facebook, que decidi interromper, porque, contradizendo o que havia proposto aos meus muitos amigos, que fosse um espaço de reflexão e discussão sobre o que vivemos, com total respeito às diferenças que sempre nos enriquecem, alguns, em vez de contribuir para o diálogo, declararam guerra com descomedimentos e insultos. 

Não percebi quão fortes podem ser os laços de amizade que se criam na rede, à distância, até anunciar que estava saindo. De repente, fui inundado por um rio de declarações positivas sobre o que, segundo eles, eu lhes havia proporcionado. Mensagens que pareciam de pessoas que eu conheci e amei sempre e que me repetiam como um mantra: “Juan, não vá embora”.

Não poderei responder a todas as mensagens de solidariedade, mas como a grande maioria é de meus leitores no jornal, isso me permitiu oferecer-lhes essa reflexão com um grande abraço para todos e cada um. Quero, no entanto, destacar a mensagem de um dos jornalistas que mais admiro e respeito neste país, Ricardo Kotscho, que nunca encontrei, mas sei que é um desses colegas que não se vendem ou se deixam comprar. Ele me escreve resumindo o que neste momento me preocupa: 

“Pedir reflexão e debate, em lugar de ofensas e agressões, é o sonho de todos nós que vivemos de escrever. Mas isto está cada vez mais difícil. Vou continuar lendo teus artigos que tão bem retratam o Brasil. Não vá embora. Fique com meu abraço”. 

Gostaria de terminar esta coluna com as últimas linhas que ofereço a todos os meus amigos do Facebook, que continuarei a seguir, embora sem participar:

“Pequeno, no Brasil, eu só encontrei os biquínis e a falta de generosidade dos poucos que acumulam a maior parte da riqueza do país. O Brasil, com todas as suas corrupções e contradições, é essa enormidade que se deixa amar e que acabou me conquistando”.

Viver é Perigoso

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