Escreveu Clóvis Rossi, para a Folha :
Desde que chegou ao poder, em 2003, o PT deixou de ser um partido para se transformar em uma seita que adora um único santo, um certo Lula da Silva.
Não dá para o lulismo aceitar que seu sumo sacerdote não seja santo. Fazê-lo destruiria os pilares em que se sustenta a seita.
Guardadas as imensas diferenças, a reação às denúncias contra Lula lembra a proclamação de um certo Jim Jones, da seita "Templo do Povo", que se suicidou e levou ao suicídio mais de 900 pessoas. Proclamava que agências de inteligência conspiravam contra o Templo e avisava que iriam "atirar em alguns dos nossos bebês inocentes" e "torturar nossos filhos, torturar alguns dos nossos membros, torturar nossos idosos".
É o que diz Lula agora –e repetem seus seguidores– a respeito da Lava Jato, do juiz Sergio Moro e dos procuradores.
Só não prega o próprio suicídio ou de seus seguidores porque a seita não quer o céu, quer mesmo os bens terrenais advindos dos negócios devidamente apontados primeiro pelos próprios Odebrecht e agora por Palocci.
Nem chega a ser novidade: a promiscuidade de Lula com as empreiteiras (não apenas com a Odebrecht) é notória faz algum tempo. O que Palocci fez foi substituir a palavra "promiscuidade" por !pacto de sangue" – que é bem mais eloquente e mais suscetível de ser elevada às manchetes.
Vê-se agora que o profeta Lula não é bom em profecias. Em abril, dia 26, soltara nota em que dizia:
"Palocci é meu amigo, uma das maiores inteligências politicas do país. Ele tá trancafiado, mas não tenho nenhuma preocupação com delação dele".
Quando uma das maiores inteligências políticas do país abandona a seita e confessa os pecados que testemunhou, é hora de procurar outro santo. Ou, de preferência, voltar a ser um partido político com propostas e não com "bravatas", como o próprio Lula, já presidente, definiu as ideias que o partido proclamava antes de chegar ao poder federal.
Viver é Perigoso
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