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sexta-feira, 11 de novembro de 2016

TOMOU O BARCO



"Como um pássaro no fio
 como um bêbado em um coral da meia-noite
 eu tenho tentado, a meu modo, ser livre".

Leonard Cohen

Viver é Perigoso

Um comentário:

Anônimo disse...


LET'S DO SOMETHING CRAZY, SOMETHING ABSOLUTELY WRONG WHILE WE'RE WAITING FOR THE MIRACLE TO COME... OU, SOBRE LEONARD COHEN.

Ouvi Leonard Cohen, pela primeira vez, na trilha sonora de "Assassinos por Natureza", de Oliver Stone.
"Waiting for the Miracle" e "The Future", com a voz gutural de Cohen, eram o perfeito casamento entre a telona e a música, como sói acontecer nos filmes que contam com a participação de Tarantino.
Guardei aquelas longas canções/poesias como referências pessoais de Cohen, sem saber de todo o resto que estava perdendo.
Em um dia qualquer, muito anos atrás, estava na casa de meus pais, garimpando pelos velhos LPs, quando encontrei uma coletânea dos anos 70 com duas músicas de Cohen: "Suzanne" e "So Long Marianne" . Ao ouvi-las não pude acreditar. Não deveria ser o mesmo Cohen, certamente tratava-se de um homônimo. A voz gutural que eu conhecia fora substituída por uma voz suave, quase adolescente. Mas a poesia... Essa era a mesma!
Mais tarde fui descobrir que a mudança na voz decorrera dos excessos no cigarro. Que talvez também tenho sido o responsável pela sua travessia para o outro lado.
Depois disso não parei mais de ouvir Cohen. E não parei mais de encantar-me com sua poesia, fortemente influenciada pelo poeta espanhol, filho de Granada, Federico García Lorca (a quem homenageou em "Take this Waltz" e com o nome de sua filha, Lorca).
Leonard Cohen cantou a angústia, o amor, Deus e a religião. Homenageou a única (ou as poucas) noite(s) que teve com Janis Joplin em "Chelsea Hotel" e a vida inteira de amor pela norueguesa Marianne Ihlen ("So long Marianne"), de quem se despediu mais cedo neste ano com uma carta que terminava em "acho que vou seguir-te muito em breve".
Cohen cantou o amor eterno - ou aquele que é eterno enquanto dure - em "Dance me to the end of love", também gravada por Madeleine Peiroux. Escreveu o maravilhoso hino "Hallelujah", gravado por Jeff Buckley. Brindou-nos com o coração partido de "Hey, that's no way to say goodbye", gravada por Renato Russo.
Cantou a angústia e a inércia em "Waiting for the Miracle" e o temor pelo futuro em "The future".
Falou sobre a liberdade - e suas incertezas - em "Bird in a wire" (também inspirada em Marianne).
Se Bob Dylan ganhou o Nobel de literatura, Leonard também o merecia. E também merecia o Nobel da paz.
Porque é isso que se ganha ao ouvir os seus tocantes poemas cantados.

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