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sexta-feira, 9 de setembro de 2016

O TEMPO VOA !


Cheguei para morar em São Paulo no início dos anos 70, quando possivelmente, os últimos dinossauros caminhavam livres pelo Parque Ibirapuera.
Um grande amigo me apresentou o caminho das pedras, no qual figurava, entre outros, o Bar Brahma, na esquina da Ipiranga com a São João. Creio que estivemos por lá um pouco antes dos Novos Baianos.
O amigo e guia, logo de imediato, creio que em janeiro de 1974, se estressou com o incêndio do Edifício Joelma e voltou para criar galinhas en Olegário Maciel.
Nunca mais tinha voltado, até a semana passada, quando após muita insistência, consegui levá-lo para uns exames médicos.
Para ficarmos quites, tiramos um dia para ele relembrar, colocando-me à sua disposição. Disse ele:
- Bão, primeiro quero dar uma passadinha no Mappin, logo ali diante do Teatro Munipal, aproveitando para ver o Guarda Luizinho coordenando o trânsito.

- Sinto muito. O Mappin não existe mais e o Luizinho, aposentou-se.

- PQP ! um lojão daquele fechar ? Então vamos até na Mesbla, perto da Praça da República, ou então na Sears, alí no final da Paulista.

-Não dá. Também fecharam.

- Então vamos dar uma passadinha na Rua Direita, quero comprar uma calça Lee, das legítimas, e tentar a sorte, comprando um bilhete da Federal, um borboleta 13.

- Não existe mais.

- Uai ! São Paulo quebrou ? Pô, então vamos almoçar na Salada Paulista.

- Também não existe mais.

- Tudo bem, mas me leve rápido para ver uns preço no G.Aronson ou na Casa Centro.

- Também fecharam.

- Você está tirando comigo. Não quero ver mais nada. Vamos pegar um filme no Cine Metrópole, ou no Paissandu, ou no Metro. Depois eu vou caminhando direto para a Rodoviária, ali na Duque de Caxias com a Rio Branco. Vou pegar o Transul das 18:20 horas.

- Bom, o Metrópole, Paissandu e Metro, fecharam e Rodoviária mudou lá para a Marginal. O Transul não existe mais.

- Só falta você dizer que o Minhocão não existe e que o Felício Castellani mudou de São Paulo.

- Cara, não quero bancar o desmancha-prazer, mas o Minhocão ainda existe, porém não chama mais Marechal Costa e Silva, agora é Presidente João Goulart.

- Trocaram o revolucionário por um comunista ?

- E tem mais, o nosso grande Felício tomou o barco há tempos.

Viver é Perigoso 

3 comentários:

marcos.caravalho disse...

Zélador,
Você bem que poderia ter levado seu amigo ao Filé do Moraes, alí na Pça Julio Mesquita (em caso de grave emergência, existe a filial da Alameda Santos, porém, sem os azulejos brancos e toalhas de mesa de pano); ou no Sujinho, pros íntimos bar das mariposas do luxo e do prazer prá não dizer vulgaridades nesse blog sério (o da direita de quem sobe a Consolação; o da esquerda é filial mais recente, você sabe - não mata saudades setentonas); ou no Frevinho, alí no começo da descida da Augusta pra cidade.
Por favor, não tente a Cassio Muniz ou a Ducal (compre um terno completo e ganhe mais uma camisa volta ao mundo de graça), que também já fecharam as portas.
Não é muita coisa mas já quebraria um galho, cértomano??

Abraço prá lá de cinquentão

Edson Riera disse...

Caro Marcos,

Levei-o para almoçar no Bar do Onça. Gostou muito. No Sujinho, nem pensar, uma vez que foi lá que ele se apaixonou por uma bela enfermeira do La Licorne. No Filet do Moraes ele so comeria o agrião. Tornou-se meio vegetariano. Meio, porque come carne de galinhas. Comentei com ele que o meu primeiro terno de São Paulo (era uniforme), comprei na Ducal da Brigadeiro, numa promoção que vinham duas calças. Interessante que ele perguntou do Opus 2004, também na Consolação, onde tocava o Tradicional Jazz Band, começando a carreira. Do Frevinho, não lembramos.

Abraço

Zé lador

marcos.caravalho disse...

Frevinho: sanduíche de rosbife com entulhos diversos, muito gostoso.
"Chopis" muito bom - não vende pastel.
Freguesia misturada: jornalistas, músicos, "à toas" em geral"além de deslumbrados pela indicação da Vejinha - uma tropa misturada, democraticamente recebida e atendida.
Na parede, fotos de cavalos de corrida, aquelas gravuras estilo ingles, meio, ah! sei lá meio o quê!
Banquinhos tipo tamborete.
Direita de quem desce a Augusta pela calçada da esquerda (no bom sentido geográfico do termo). Apresentado a mim pelo meu hospedeiro (de grátis) e amigão do peito Zezão, ora passageiro imerecido da Barca. Ausência urrada para a lua por mim todo dia. Um mestre e um amigo.

Consolação falando, nos esquecemos o Clube Cartola, alí, quase esquina da Consolação com Brigadeiro, lado direito de quem desce para a marginal. Passei e fiquei um tempo por lá um dia (não dancei prá não dar vexame). A recordação é muito boa, saudosa e "lamentosa" (por quê não fui mais vezes lá??)
Abraços sandubas-gafieiros

PS: Ah! Ao lado do Cartola, um cinemão. Confortável, protonoso, aquela salas antigas. Programação de pelinho fino. Lá, assistí pela primeira vez o Poderoso Chefao I e Monthy Phyton em Busca do Cálide Sagrado, para ficar em uns poucos exemplos.