Translate

quinta-feira, 14 de julho de 2016

MUNDO CIVILIZADO


No final dos anos 70 morávamos em Manaus. Minha irmã Eliane e o seu esposo Enoque, missionários, moravam numa tribo dos Waiwai, no interior de Roraima. Quase que mensalmente trocávamos cartas transportadas por um pequeno avião que lhes dava suporte. Numa daquelas esperadas cartas, contou ela, sobre um final de semana problemático na sua aldeia. Grupos de caça de tribos diferentes se encontraram e aconteceu um grande choque. Com bordunas, paus e pedras. Muitos feridos. O casal, com firmes noções de enfermaria, atendeu e cuidou dos feridos.
Preocupado, respondi e apelei para as suas retiradas de local tão perigoso.
No mês seguinte recebi uma nova carta, onde ela dizia ter tido acesso a um antigo exemplar do jornal "A Critica", de Manaus. Coincidentemente, com data um pouco posterior ao incidente na aldeia. O jornal trazia um balanço da violência no final de semana na capital amazonense. Tantos mortos, tantos feridos, tantos assaltos, tantos acidentes de carro, etc.
Concluindo, ela apelou para a retirada da nossa família de local tão perigoso.
Fiquei tranquilo.
Mais de trinta anos se passaram. O casal, com dois filhos e dois netos, segue no trabalho missionário pelo mundo afora.
Para eles, viver não é perigoso.

Viver é Perigoso  

Nenhum comentário: