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segunda-feira, 21 de abril de 2014

PRÁ PENSAR


AGORA

Foram fortemente exagerados os rumores a respeito da iminente chegada do país do futuro ao primeiro mundo. Aqui e ali ainda sobrevivem alguns pálidos, erráticos e por vezes furiosos resmungos que denunciam os vestígios da existência e morte destes rumores infundados.
O país do futuro, com os pés fincados e firmemente atados ao presente, e os olhos irremediavelmente voltados ao passado, permanece impávido colosso de sonhos abandonados. A colisão inevitável entre os delírios de grandeza e a realidade bruta evidenciou a distancia entre intenção e fato.
Gerou em barulho e fúria. Produziu bastante calor e nenhuma luz. Logo acalmou. Virou incredulidade, descrença, desilusão. E, finalmente, adormeceu na forma de magoa sufocada pelo silêncio. Ausente aos olhos, mas concreta e palpável no coração. O gigante permanece deitado, talvez eternamente, em berço esplendido, onde dorme sono profundo e inabalável.
Agora, a inflação não cede. O país não cresce. O transito não anda. O trem não tem. A energia não vem. A água não chega. A festa acabou. A luz apagou. O povo sumiu. A noite esfriou. Não veio a utopia. Tudo acabou. Tudo fugiu. Tudo mofou. Já não dá para esconder. Já não dá para sorrir. Fugir já não pode.
E com o olhar cada dia mais longe, todos ficam a aguardar, a chegada em data incerta e desconhecida, do futuro glorioso. Enquanto o amanha não chega, resta o hoje. O agora. E é neste agora que chega a conta dos desatinos passados.
Triste. Como toda ilusão que acaba.

Elton Simões (para o Noblat)

Um comentário:

Anônimo disse...

TRISTE!TRISTE!INCOMPETÊNCIA MEU CAMARADA!