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domingo, 25 de agosto de 2013

ENTREVISTA DO PRIMO PARA O ESTADÃO

 
 O que alegou a empresa para a sua demissão?
Desídia e insubordinação. Apenas tomei ciência, não concordei. Tenho um processo trabalhista contra a empresa. Não aceitei ser acusado de desídia e insubordinação pelo histórico que tive na empresa. Em momento algum atribuem a mim improbidade, mas fiquei chocado porque desídia é desleixo. Essa é a razão pela qual eu me vi quase na obrigação, até como resposta aos meus pares, meus amigos, minha família, de entrar com processo. Busco os meus direitos e a reparação. Desleixo de um cara que colocou a empresa aonde ela chegou? Reconhecido pela própria organização mundial, no Brasil? Tive que tomar essa atitude.

A qual insubordinação se referem?
Já refleti muito tentando achar em que episódio fui insubordinado. Fui um cara que todos os chefes que tive se davam muito bem, respeitavam de forma ampla, pela lealdade, pela ética, pelos resultados, pelo espírito de colaboração. Onde fui insubordinado? Não consta nenhuma outra acusação no documento oficial da minha demissão que não fossem essas duas palavras, desídia e insubordinação. Você trabalha 35 anos na empresa, em todos os cargos que eu passei deixei uma marca positiva. Durante os anos em que fui presidente a empresa cresceu, foi rentável, saiu de 5 para 13 fábricas. Eu era pessoa respeitada por toda a organização na Alemanha e aqui no Brasil como um dos maiores empresários. Falo isso com muito orgulho. Fui empresário do ano por três vezes na área em que atuava.
Não foi por causa da conta de 6 milhões em Luxemburgo?
A conta de Luxemburgo é uma conta que era operacionalizada pela própria Siemens da Alemanha, foi aberta em um determinado ano por funcionários aqui do Brasil sem o meu conhecimento, mas era basicamente de responsabilidade do diretor financeiro. Naquela ocasião a Siemens tinha certas contas, que não existem mais. Até 2007 existiam, a Siemens tinha as chamadas contas de compensação, e isso era da alçada e da administração do diretor financeiro, e a operacionalização disso era da Alemanha. Todas as vezes que fui perguntado se eu conhecia aquela conta disse que não conhecia. Como presidente você assina 500 documentos por dia. Num determinado dia, muitos anos depois, houve uma mudança. Essa conta que tinha sido aberta e operacionalizada pela Alemanha, acabei assinando um documento. Não assinei um documento, eu rubriquei simplesmente, de mudança de titularidade. Foi aí que eles disseram que eu sabia da conta e deveria ter avisado. Mas a conta era operada por eles.
O sr. nunca operou essa conta?
Nunca. Até porque eu não tinha nem procuração para isso, para movimentar. Quando eu rubriquei a mudança de titularidade já haviam sido feitas, pela própria Alemanha, movimentações nessa conta, aberta em 2003 pelo diretor financeiro da época, que era um alemão, sem o meu conhecimento e sem a minha assinatura. Eles faziam toda essa administração. Dois anos depois houve essa mudança de titularidade, acabei rubricando, tinha lá o meu nome. Eu não tinha nem a procuração, não movimentei conta nenhuma e nem sei os movimentos que foram realizados, com que objetivos foram feitos.
Quem era esse diretor?
Não sei se poderia abrir isso aqui por causa do segredo de justiça. Eu não movimentei essa conta. Não existe um documento de transferência que estou fazendo dessa conta para algum lugar. Quando eu rubriquei isso daí não era dinheiro do Brasil, não era dinheiro da Siemens Brasil. Não houve transferência de recurso daqui para o exterior. Era uma conta sempre administrada pelo diretor financeiro, que era sempre um expatriado, aliás, até hoje. Sempre foi indicado pela Alemanha.
A demissão tem a ver com a carta de um executivo para o ombudsman da Siemens, em 2008, denunciando práticas ilícitas na companhia?
Não. Em 2008, através da imprensa, e depois do próprio Ministério Público de São Paulo, nós recebemos uma denúncia. O Ministério Público nos fez questionamentos em função de uma denuncia anônima que citava três contratos na área de trens e metrôs, mas não abriu nenhuma investigação contra a Siemens. Como presidente da empresa, em nenhum momento, nenhum colaborador veio discutir comigo aspectos relativos a conluios, pagamentos ilícitos. A minha própria postura não dava o menor espaço a alguém vir me falar isso. Nem nenhum funcionário público. Nunca estive com presidentes de empresas concorrentes para discutir esses aspectos. Em 2008, como presidente da Siemens, qual foi a atitude que tomei? Pedi auditoria e mandei as perguntas do Ministério Público para a Alemanha, para a área de compliance.
O sr. mesmo tomou a iniciativa?
Pedi uma auditoria aqui, conduzida pela Devoise que veio na nossa área de transportes. Nenhum tipo de indício que viesse a suspeitar de atos ilícitos foi constatado. Em 2009 esse tema veio à tona novamente e, mais uma vez, solicitei auditoria independente. Veio uma equipe da Alemanha, aí tivemos conhecimento dos relatórios. Não tinha nenhuma situação que indicasse problema de compliance. Eles verificaram problema de ordem contábil, absolutamente natural. Eu cumpri o meu papel, não fui desidioso. Como presidente tomei a decisão que deveria ter tomado. Se você tem uma denúncia, muito bem, vamos apurar. Foi feita uma varredura muito grande. Me senti confortável na medida em que tenho um relatório que não indica atos ilícitos do ponto de vista de conluio entre empresas. Agora, entendi pela mídia que a Siemens enviou ao Cade documentos que ensejam suspeita de cartelização. Ela não enviou nenhum outro tipo de documentação. Tanto é que colocou um fato relevante refutando quaisquer outras interpretações. Até a data em que saí da empresa, os relatórios indicavam o que acabei de colocar.
As licitações e os contratos passavam por suas mãos?
A gente comanda uma empresa de 11 mil funcionários. Com essa estrutura você tem diretorias, divisões e unidades de negócio. As pessoas que comandavam as unidades de negócio eram diretores, tinha diretor da unidade de negócio, diretor das divisões e o diretor estatutário. Toda a parte de negócios, contratos, elaboração de propostas era feita no nível dessas unidades e em linha com as divisões da Alemanha. A nossa organização no Brasil é matricial. Ao mesmo tempo em que uma unidade de negócios responde ao chefe de divisão a que ela está ligada, ela também responde à unidade de negócios relativa na Alemanha. Todos esses contratos e níveis de preço eram discutidos também com a Alemanha.

Nunca nenhum leniente comentou nada com o sr.?
Em absoluto. O presidente de uma empresa desse tamanho, com essa diversificação de negócios, não é responsável pelos atos dos seus funcionários. Se um funcionário um dia fez um ato que não seguiu o compliance, não é responsabilidade do presidente da empresa, que está no nível de cima para tratar de estratégia, da infraestrutura. As metas eram colocadas, eu cobrava. Agora, detalhes dos negócios eram realizados nas unidades respectivas. E aqui não estamos falando de funcionários de último escalão, mas de funcionários importantes. E sempre matricialmente ligado com a Alemanha. Principalmente depois de 2007, a influência da Alemanha cresceu muito. Tínhamos um instrumento através do qual todas as características, as propostas técnicas e comerciais eram discutidas com a Alemanha, com as áreas correlatas.
Teve contato com presidente de Metrô ou da CPTM?
Não. Aquelas áreas é que tinham relação mais próxima. Eu nunca me sentei com funcionários públicos para tratar de temas específicos de concorrências. Até porque não me cabia como presidente.
Teve encontros com o ex-governador José Serra ou com o governador Geraldo Alckmin?
Só em eventos institucionais. Fui vice-presidente da Abdib (Associação Brasileira da Indústria de Infraestrutura de Base), o governador esteve lá. O Serra não sei, mas o Alckmin esteve. Foram eventos institucionais, públicos.
Reuniões no Palácio dos Bandeirantes ou na empresa?
Não. Nunca estive. Aliás, nunca nenhum deles visitou a Siemens.
Quais os seus planos?
Tenho alguns convites para fazer consultorias em empresas, elas estão procurando pessoas com experiência. 
 
Estadão
 
Primo não foi citado no acordo de leniência que executivos da companhia firmaram com o Cade, mas, diante da crise que colocou a Siemens no centro do grande escândalo dos cartéis para fraudes em licitações, pediu exoneração, a fim de evitar constrangimentos ao amigo prefeito.
 
Blog. Sempre é oportuno ouvir todas as partes envolvidas.

ER

14 comentários:

Anônimo disse...

E camarada, o homi ta cheio de convites para trabalhar enquanto eu to aqui procurando.....mas veja só não é da mesma panela, mas talvez se entendem no mesmo saco!

Foi assinado em 2007, durante o governo de José Roberto Arruda, com um consórcio formado pela multinacional Siemens e pela construtora Serveng.

O advogado do ex-governador José Roberto Arruda informou não vai se pronunciar enquanto não tiver conhecimento jurídico sobre o assunto.

Óia nóis aí na fita otra vez...

Anônimo disse...

Ta procurando emprego? Olha naquele lugar onde vai o seu ônibus tem uns bãos!

Anônimo disse...

Peça a ele que NÃO FALE DE NOIS, somos inocentes, não temos metro, nem ÔNIBUS! Tadinha de Itajubá tão mal falada assim tão novinha.

Anônimo disse...

Desídia e insubordinação.

Tenho dó dele, tadinho, o Zezinho que significa isso? É brabeza e desvio? É mardade, humilrdade? que que é isso.

Anônimo disse...

Significado de Desídia

s.f. Tendência para se esquivar de qualquer esforço físico e moral.
Ausência de atenção ou cuidado; negligência.
Parte da culpa que se fundamenta no desleixo do desenvolvimento de uma determinada função.
(Etm. do latim: desidia)

Anônimo disse...

foi aberta em um determinado ano por funcionários aqui do Brasil sem o meu conhecimento, mas era basicamente de responsabilidade do diretor financeiro.


QUE MALDADE TA VENDO ZÉ ELE NÃO SABE DE NADA é apenas um mineirinho de São Lourenço formado na Unifei....e queria ser super secretario, um meninão, um garotinho, inocente ...Rssssss

Anônimo disse...

Que nojo, ler isso e como assinar um dipploma de IDIOTA, faça me o favior, hipocrisia, mentira, tem LIMITE!

Anônimo disse...

Se a Leandra é contra o Primo, eu sou a favor.
Simples assim.

Anônimo disse...

O Mafra é amigão dele, o Cesario o Piccolo,o Pedro, o Wesly, o Arruda, o Zelador, a Leandra goooosssta, mas ele não gooosssta dela.

Anônimo disse...

O presidente de uma empresa desse tamanho, com essa diversificação de negócios, não é responsável pelos atos dos seus funcionários.

Como um presidente fala uma bobagem destas? Fala serio! O LULA ta certo quando dizia, não sei de nada, não vi nada, acordei agora, quem? Como? Porque? ONQUEEUTO?

Humberto disse...

Penso q melhor seria para o Sr. Adilson aguardar as investigações em silêncio. Sem dúvida, ele caiu numa areia movediça e qto. mais mexer ( entenda-se falar ), mais vai afundar.

Qdo. ele diz :

"... A gente comanda uma empresa de 11 mil funcionários.... A nossa organização no Brasil é matricial. Ao mesmo tempo em que uma unidade de negócios responde ao chefe de divisão a que ela está ligada, ela também responde à unidade de negócios relativa na Alemanha. Todos esses contratos e níveis de preço eram discutidos também com a Alemanha."

Esse sistema " works for, reports to " é o adotado por todas as multis. Ou seja, o diretor da divisão daqui trabalha com a divisão da matriz, mas se reporta ao presidente da filial.

Então, é muito pouco provável q ele não soubesse das decisões, principalmente, pelo tamanho do dinheiro envolvido.

Se não concordava, melhor seria ter saído. Ou cabe aqui uma frase do Millor q o zelador citou outro dia : " O que é que faz um cara quando não tem coragem suficiente pra enfrentar nem covardia bastante para correr ? "

Como disse o meu filósofo preferido - Ming Mingo : " Todo homem tem o seu preço ; basta definir a moeda. ". Talvez a moeda nesse caso fosse o status, o poder, o alto salário, etc...

Como tem muitos peixes grandes nessa história é bem capaz q sobre para as secretárias q nem desconfiaram de nada.

E chega de falar dos outros...



Anônimo disse...

Zelador, agora a PF quer saber quem está falando a verdade:
OUTRA VERSÃO

Em petição protocolada no processo pela Siemens em 5 de novembro de 2012, a empresa alega que "ele [Primo] tinha total conhecimento da existência daquela conta bancária desde 2007, participou do gerenciamento da conta e aprovou pagamentos para terceiros".

De acordo com a manifestação da Siemens no processo, Primo "era beneficiário titular da empresa Singel Canal Services CV.", que controlava a conta em Luxemburgo.

De acordo com a petição, Primo argumentou no processo que "não sabia o que estava assinando e que assinou apenas após a assinatura de outros executivos da Siemens".
Para rebater esse argumento, a multinacional afirma duvidar que o executivo movimentasse a conta "sem saber o que fazia".

No processo trabalhista, Primo alegou que a Siemens tinha conhecimento sobre as movimentações da conta em Luxemburgo.

Porém, na causa, a Siemens sustentou que só teve conhecimento sobre a movimentação que Primo fazia "ao ser intimada para comparecer em 13 de novembro de 2011 à Police Judiciaire de Luxemborg [Polícia Judiciária de Luxemburgo]".

Em relação à apuração da polícia de Luxemburgo, a empresa enfatizou que "as investigações que continuaram após a dispensa" do executivo "são aquelas conduzidas pelas autoridades de Luxemburgo, e não pela Siemens".

Anônimo disse...

Excelente Humberto.
Na pior das hipóteses se ele não desviou nada, não se tem provas explicitas ainda, faz-se anjo quando precisa e demônio quando necessita-se.
Como diz o zelador: É a vida !! de muitos por aí na politica e no mundo business!!
Querem explicar o que todos sabemos a tempos. Negócios escusos !!
E concordo quando dizem, este é o tal CEO, o homem certo para um choque de gestão e um novo tempo ? homem que desconhece ações desta magnitude e $ vulto $ ?

Mais um iludido e decepcionado

Luciano disse...

Incrível, todos foram muito rápidos em condenar o funcionário, mas ainda não vi ninguém pedindo o fechamento ou fazendo passeata contra a Alstom, já que a mesma também é ré nesse processo. Muita hipocrisia.