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quinta-feira, 11 de abril de 2013

FILME ANTIGO

Escreveu o Brickmann

Um jornalista diz que outro é corrupto, golpista, pessoa de má índole, perverso, indecente, pedófilo, diuturnamente dedicado, desde muito antes de ter nascido, à promoção das elites em detrimento da população trabalhadora e empobrecida. Além do mais, foi ator pornográfico, tem um vizinho que não gosta dele e seu cachorro certa vez já foi visto mancando, o que pode indicar maus tratos.
O alvo das acusações entra na Justiça, prova que foi caluniado, injuriado e difamado e ganha uma indenização. Aí é atacado por esmagar a liberdade de imprensa e sufocar economicamente seus adversários.
Este colunista acha que os dois lados estão errados: um, por levar a paixão política ao campo dos ataques pessoais, achando que liberdade de imprensa significa imunidade à lei; outro, por pedir indenização em caso de ofensa à honra. Honra não tem preço: uma ação de indenização, por maior que seja seu resultado em dinheiro, estipula o preço pelo qual a honra atingida é avaliada. Se alguém acha que sua honra foi atingida, a reparação exige uma queixa-crime. Não é questão de dinheiro: é questão de demonstrar que houve um crime e puni-lo.
De qualquer forma, é preciso ter claro que liberdade de imprensa se refere à livre expressão de opiniões, e não se estende a insultos nem a violações de outras normas legais. Não há lugar no mundo em que uma pessoa tenha assegurada a liberdade de gritar "fogo" num recinto lotado e fechado. Não há lugar no mundo em que uma empresa possa anunciar determinadas medidas sem antes informar a Comissão de Valores Mobiliários ou entidades equivalentes. Não há lugar no mundo em que uma marca possa ser utilizada por produtos da mesma área, sejam ou não lucrativos, sejam ou não destinados a desmoralizar as atividades da empresa que é a dona da marca, sejam ou não apenas uma brincadeira.
E, especialmente, não há lugar no mundo em que as pessoas se juntem impunemente em bandos, uma repetindo e reforçando as informações da outra - sabendo de antemão que são falsas - com o objetivo de tentar desmoralizar colegas que discordam de suas posições políticas ou se recusem a contratá-los por algum motivo.
O restante é marola: campanhas de solidariedade, arrecadação de fundos, abaixo-assinados, queixas contra o poderio econômico.
Contrariando o bom jornalismo, são polêmicas que geram muito calor e pouquíssima luz.
 
Brickmann

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