A sociedade quer definir o que é certo. São quatro loucuras da sociedade. A
primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se ele não tivesse
significados individuais. A segunda loucura é: Você tem de estar feliz todos os
dias. A terceira é: Você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse
consumismo absurdo. Por fim, a quarta loucura: Você tem de fazer as coisas do
jeito certo. Jeito certo não existe. Não há um caminho único para se fazer as
coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade.
Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não
será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por
causa do casamento. Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a
família ou com amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo a
praia ou ao cinema. Quando era recém-formado em São Paulo, trabalhei em um
hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes. Eu
sempre procurei conversar com eles na hora da morte. A maior parte pega o médico
pela camisa e diz: "Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei a vida
inteira, agora eu quero aproveitá-la e ser feliz". Eu sentia uma dor enorme por
não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas
pequenas. Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o
dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido
várias oportunidades para aproveitar a vida.
Roberto Shinyashiki
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