Escreveu Mencken, lá pelos anos
20
Os homens como se sabe, não
acreditam na inteligência superior das mulheres; seu egoismo exige essa
descrença, e eles não capazes de refletir o suficiente para mudar de ideia,
mesmo diante de análises lógicas e de provas.
Mais ainda, há certa aparência
capciosa de certeza em suas posições; eles forçaram as mulheres a adotar uma
personalidade artificial que esconda bem a verdadeira personalidade delas, e as
mulheres acharam proveitoso estimular essa mentira.
Mas, embora qualquer homem
normal nutra essa balela de que é intelectualmente superior a todas as mulheres,
em particular à sua esposa, constantemente entrega os pontos de sua pretensão
consultando-a dependendo daquilo que ele chama de intuição
feminina.
Intuição? Uma ova! As mulheres
são as supremas realistas da espécie.
Aparentemente ilógicas, elas
detêm uma superlógica rara e sutil. Aparentemente desligadas, agarram-se â
verdade com uma tenacidade que resiste a cada fase das incessantes e gelatinosas
mudanças de forma dessa verdade. Aparentemente poucos observadoras e fáceis de
tapear, enxergam tudo, com olhos brilhantes e demoníacos.
Um dos principais encantos da
mulher na sociedade humana talvez seja o fato de que elas são relativamente
incivilizadas. No cipoal de repressões e inibições pueris que tenta enredá-las,
continuam a mostrar um lado cigano, meio fora da lei. Nenhuma mulher normal tem
um pingo de interesse pela lei, se por acaso a lei se puser no caminho de seus
interesses particulares.
O fato de que as mulheres têm
uma capacidade maior que a dos homens para controlar e esconder suas emoções não
é indicação de que elas sejam mais civilizadas, mas uma prova de que são menos
civilizadas. Essa capacidade é uma característica dos selvagens, não dos homens
civilizados, e sua perda é um dos prejuízos que a espécie tem pagado por seus
canhestros avanços de civilização. O verdadeiro selvagem - sempre reservado,
digno e cortêz - sabe como mascarar seus sentimentos, mesmo diante da mais
temível ameaça; o homem civilizado sempre se rende à ameaça.
Mencken
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