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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

MINEIROS APAIXONADOS

Aconteceu em Belo Horizonte o Iª Concurso Mineiro de Cartas de AmorL promovovido pelo radialista Agnaldo Silva, por ocasião do aniversário de três anos da Orquestra Mineira de Brega.
A orquestra é formada por jovens músicos que interpretam clássicos de motel como Borbulhas de Amor, de Fagner, ou Je T’aime... Moi non Plus, de Jane Birkin e Serge Gainsbourg.
A carta vencedora foi anunciada por Agnaldo Silva, num evento ocorrido em uma casa noturna, sob chuva de papel picado prateado, enquanto a música-tema de seu programa, a arrebatadora Love’s Theme, de Barry White, era executada pela Orquestra.
Quem julgou as 35 cartas inscritas no concurso foi Mariângela Paraizo, professora da Faculdade de Letras da UFMGO .
O vencedora foi a advogad Jéssica Freitas, de 24 anos, queganhou um par de ingressos para o show da banda, champanhe e morangos no camarim, além da incomparável oportunidade de ter sua carta lida em bom som pela voz de veludo do cupido )Agnaldo) em pessoa.
A vencedora foi a advogada Jéssica Freitas, de 24 anos.
Leiam alguns trechos das preciosidades: 
  • “Dizem que o amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente”, entoou, caprichando na citação de Camões. “Pois a ferida que restou em meu peito depois que você partiu dói, queima, lateja, com tanta intensidade que quase posso tocar.”
  • “Outros romances virão. Amores, não mais. Não darei a outros o amor que guardei para você. E sei que eles não me darão, jamais, a plenitude que senti ao seu lado.”
  • “Com seu jeito calmo, manso, você veio e se despejou sobre meu ser, meu querer. Sem saber, me acendeu como um crente acende a vela em uma oração silenciosa, intimista se tornou.”
  • “Roço teu rosto com minhas mãos trêmulas, elas padecem frias, mas guardam todo o carinho inefável de uma poesia. Tremes um pouco. Balouça como se a brisa fosse sua rede. Recuo. Ponho, então, meu lábio rude sobre o seu róseo estandarte real.”
  • “Com longos goles de champagne frappé, tocarei um estribilho nas cordas da sua voz. Espantarei as moscas do seu doce tédio e edificarei potes de amor lacrimejado, quando você se entristecer por um motivo qualquer”, 
  • “Você é minha gitana, minha Musetta e eu sou seu mouro.”
Nuno Manna - Revista Piaui (resumo)

Um comentário:

Humberto disse...

Edson,

Postei na sua página no facebook uma parte dos versos de Fernando Pessoa via Álvaro de Campos. Aí vai o resto :

Cartas de amor.

TODAS AS CARTAS de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Tem de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
Abr.