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quarta-feira, 3 de março de 2021

CARTA QUE NÃO RECEBI


São Paulo, 3 de março de 2021

Ref.: Pandemia

Minha Gente,

Estamos diante de um novo crescimento de casos desde a segunda quinzena de fevereiro em várias regiões do Brasil, que se reflete em mais internações e mortes. 

Este aumento tem características diferentes do que aconteceu entre junho e agosto de 2020, quando diferentes regiões e Estados não foram atingidos simultaneamente. 

Desta vez, o aumento vem acontecendo de forma semelhante nos diferentes lugares, o que coloca o sistema de saúde sob estresse muito mais intenso em todo o país.

Os números da doença projetam uma situação extremamente difícil.

O cenário pode se agravar ainda mais com o alastramento de variantes virais de maior transmissibilidade. A variante inglesa já é detectada em grande número na cidade de São Paulo e já há relatos de transmissão local da variante de Manaus, a P.1, em diferentes locais do Estado de São Paulo.

Ainda temos algum tempo, pouco tempo, para amenizar a gravidade do problema.

Muitos dos que poderão ser internados com Covid-19 em duas semanas ainda não foram infectados. Mas estão na iminência de contraírem o vírus, considerando-se que serão cinco dias, em média, de período de incubação e cerca de uma semana até que a doença se agrave. É o momento de aumentarmos, ainda mais, as medidas de proteção.

As imposições dos estados e municípios são desagradáveis, todos sabem disso. 

Restrições de mobilidade, fechamento de atividades econômicas, obrigatoriedade de uso de máscaras. Entretanto, não restam outras alternativas ao constatarmos que os serviços de saúde, públicos e privados, estão prestes a entrar em colapso.

O efeito destas medidas no combate à transmissão só será possível se assumirmos uma atitude responsável. E aqui vale ressaltar o risco que todos correm, coletivamente.

Perceber que cada um de nós, nossos amigos e familiares, estamos sob risco iminente é a forma mais direta para adaptarmos nosso comportamento, tentando frear a transmissão do vírus. Não há mais tempo a perder acreditando que o poder público resolverá o problema de todos.

Não tenhamos ilusões. Na vida real, todos seremos responsáveis pelo que pode acontecer nas próximas semanas.

Esper Kallás

Médico infectologista, é professor titular do departamento de moléstias infecciosas e parasitárias da Faculdade de Medicina da USP e pesquisador na mesma universidade. E claro, itajubense.

Viver é Perigoso

Um comentário:

Anônimo disse...

Zé já reparou a quantidade de gente competente que temos nesse Brasil? E quantos incompetentes é que têm o poder de mando? Só para ficar na saúde que os escancarou.Usando os exemplos de posts mais recentes temos golfinhos de um lado e jumentos demais no outro. Esse rapaz é um itajubense golfinho.