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sábado, 12 de setembro de 2020

SOB A LUZ DE VELAS


Salmo das dívidas

Não há lírios. Não há campos.
Que posso olhar, Senhor,
nesta aridez urbana
senão a lívida floração dos bancos ?
Eles vicejam em cada canto
em que o clamor da moeda,
mais que a voz do poeta
se alevanta

Ilka B. Laurito

Viver é Perigoso

ALTERANDO A SINTONIA


Um dos perigos da quarentena é fechar-se em verdades. A rede social não é um local adequado para ver as coisas sobre ângulos diversos. Com as massacrantes publicações passamos a focar no autores e não nos temas, principalmente, em se tratando de política.

Pior ainda, quando são repetidas as postagens profissionais compartilhadas, originadas, quase sempre de gabinetes profissionais.

Vez por outra, nada como uma conversa presencial, mesmo portando máscaras e mantendo distância recomendada. As máscaras não cobrem os olhos e eles, para um razoável observador, dizem muito, ou quase tudo.

Hoje em São Paulo aconteceu uma dessas conversas.

O interlocutor, amigo de priscas eras, com muita cultura geral e sem interesse e necessidade das lutas pela sobrevivência. Democrata, liberal e durante toda a vida, com forte preocupação social.

Para pensar: 

" As mudanças são essenciais para o País. Mudanças bruscas e definitivas. Lamentavelmente, não acontecerão por iniciativa do Congresso e confirmadas, quando necessário, pelos tribunais superiores. As pressões necessária não virão do povo. O pessoal do andar superior nunca esteve tão bem. A classe média administra como pode o dia a dia. Os mais distantes das oportunidades, vêm as ajudas financeiras governamentais como oásis. O governo federal não afasta os olhos do espelho. Total falta de capacidade de visão a médio e longo prazo. 
As novas gerações se apresentarão baqueadas. "

A saída, aparentemente absurda e utópica foi demonstrada num sorriso amargo.

Viver é Perigoso
    

TEMPOS BICUDOS


- Com a chegada antecipada do verão e o  controle da pandemia, irei promover um coquetel para os amigos mais chegados, alternando margens da piscina e salões da biblioteca. Coisa para esquecer os momentos complicados que atravessamos na quarentena. Por favor, tudo do bom e do melhor. Quero música ao vivo, com trio ou quarteto voltado para o jazz.

- É a nossa tradição. Posso sugerir torradinhas de caviar, quiche lorraine, geléia de cebola Strasbourg, macarons de foie gras, folhado de camembert, choux de salmão e claro, foie gras. Podemos estudar também, asinhas de beija-flor tostadas em azeite nobre. Para beber, indicamos champanhe Moet&Chandon Cuvée Dry Imperial, Krug Brut, Dom Perignon e Veuve Cliquot. Vinhos, podemos servir Chateau Lafite, Mouton Rothschild, d`Yquem. Água, colocaremos a disposição dos convidados, Perrier gaseificada, Voss Still natural e San Pelegrino. Como saída, serviremos tacinhas de arroz doce.

- Tudo bem. Concordo com todas as sugestões, apenas peço que substitua o arroz doce por algo mais acessível, como Creme Brulée, ou tâmaras do Egito. Sabe como é, não quero mostrar ostentação neste momento de retomada da economia. Arroz ficaria fora das minhas possibilidades. Feche o orçamento e envie para o meu escritório. Tome o negócio como fechado.

Viver é Perigoso