Nestes tempos complicados, vez por outra, ou lemos ou ouvimos falar do Concílio de Trento. Resumindo de forma bem superficial, segundo dados da própria internet:
Foi convocado pelo Papa Paulo III para assegurar a unidade da fé e a disciplina eclesiástica, no contexto da Reforma da Igreja Católica e da reação à divisão então vivida na Europa devido à Reforma Protestante, razão pela qual é denominado também de Concílio da Contra-reforma.
A Igreja Católica estabeleceu diretrizes para remediar os efeitos das reformas e precaver-se contra a iminência de outros programas reformistas.
O Concílio de Trento foi atrasado e interrompido várias vezes por divergências políticas ou religiosas.
Alguns dos resultados:
- Reafirmou os princípios católicos, condenando o protestantismo. Entretanto, algumas medidas moralizadoras começaram a ser tomadas, como a proibição da venda de indulgências e a criação de escolas para a formação de eclesiásticos.
- Foi instituído o " Index Librorum Prohibitorum" isto é, o livro com os livros proibidos pela Igreja. Obras como O Elogio da Loucura, de Erasmo de Rotterdam, e Decameron, de Boccaccio, foram inclusos no referido índice.
- Definiu a criação, em 1540, da Companhia de Jesus, ordem religiosa fundada pelo espanhol Inácio de Loyola. A Companhia de Jesus transformou-se num verdadeiro "exército" em defesa da manutenção dos princípios católicos e da evangelização na Europa, na Ásia e nas Américas.
- Foi reorganizada a Inquisição.
A Inquisição, também chamada de Santo Ofício, era formada pelos tribunais da Igreja Católica que perseguiam, julgavam e puniam pessoas acusadas de se desviar de suas normas de conduta. Surgiu com toda força na Espanha de 1478.
O alvo principal eram os judeus e os cristãos-novos, como eram chamados os recém-convertidos ao Catolicismo, acusados de continuarem praticando o Judaísmo secretamente. Passou a considerar como heresia qualquer ofensa “à fé e aos costumes”. A lista de perseguidos também foi ampliada para incluir protestantes e iluministas, homossexuais e bígamos.
As punições tornaram-se bem mais pesadas com a instituição da morte na fogueira, da prisão perpétua e do confisco de bens – que transformou a Inquisição numa atividade altamente rentável para os cofres da Igreja. A crueldade dos inquisidores era tamanha que o próprio papa chegou a pedir aos espanhóis que contivessem o banho de sangue. A migração de judeus expulsos da Espanha para Portugal, em 1492, fez com que a perseguição se repetisse com a criação do Santo Ofício lusitano, em 1536.
O Brasil nunca chegou a ter um tribunal desses, mas emissários da Inquisição aportaram por aqui entre 1591 e 1767. Calcula-se que 400 brasileiros foram condenados e 21 queimados em Lisboa, para onde eram mandados os casos mais graves.
Os inquisidores portugueses fizeram 40 mil vítimas, das quais 2 mil foram mortas na fogueira. Na Espanha, até a extinção do Santo Ofício, em 1834, estima-se que quase 300 mil pessoas tenham sido condenadas e 30 mil executadas.
Viver é Perigoso