Mineiro adoece longe de sua terra. Adoece de saudade. De fatal saudade.
Vai se sentindo esquisito, estranho, isolado quando é condicionado a morar em outro Estado.
Sente falta da rua que ele passou a infância, do bairro cujas saídas ele memorizou, da cor do céu, das nuvens, das frutas e, em especial, do jeito afetuoso e protetor das pessoas.
Até aguenta ficar um tempo afastado, para um trabalho, um curso, um romance, desde que seja com uma duração planejada e previsível. Nunca se desfaz de suas bagagens por dentro.
O maior patrimônio do mineiro é a família. Sem ela por perto, ele se desorienta. Nem cartas remediam, nem Face-Time diminui a angústia, nem telefonemas consertam a alma.
Não é uma gripe, é saudade de doer o peito e encolher os ombros, de exigir uma cadeira para sentar tamanho o aperto no coração. Ele não anda fora dos trilhos de seu lar
Ao viajar, o mineiro ficará feliz ao comprar a passagem de volta. Só com a data garantida de retorno será capaz de aproveitar a estada. Não consegue permanecer muito tempo longe de casa.
(Extraído de crônica do Fabrício Carpinejar)
Viver é Perigoso