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sábado, 16 de maio de 2020

COZINHA BRUTA


A seguir, lições que eu aprendi ou revisei na pandemia. (Marcos Nogueira)

Cozinheiros são essenciais, chefs não são.

Cozinhar é essencial. Cozinhar bem é privilégio.

Ter companhia nas refeições é bacana na maioria das vezes. Mas dá para viver sem.

Restaurantes não são essenciais. Eu gostaria que fossem, mas não são. Bares são mais necessários. Não pela bebida, que vende em qualquer quitanda. Pelo social. E pelas frituras, que só funcionam fora de casa.

Bufê, rodízio, self-service, mesão comunitário, cozinha aberta e bisnaga de ketchup são coisas destinadas ao esquecimento.

Padaria não serve para grande coisa sem o pingado no balcão. O brasileiro já descobriu isso e passou a fazer o próprio pão.

Arroz é essencial. Arroz integral é melhor para quem está com prisão de ventre. 

Carne, vá lá, é importante. Filé é luxo. Bife ancho é ostentação.

Sal e óleo não são eternos. Alho e cebola nunca são o bastante. Abacate apodrece antes de amadurecer. Apalpar o melão na feira é crime hediondo.

Lavar louça é essencial. A natureza pode dar conta de secá-la no escorredor. Máquina de lavar louça, nada essencial, quebra um galho sobrenatural. Tenha uma, se puder pagar. Pague água e luz, também.

O micro-ondas é nosso amigo. A panela de pressão também.

Mesa, talheres, pratos, guardanapos: essenciais ou não? Há controvérsia.

Pedir comida virou questão de segurança. Miguelar a gorjeta do entregador sempre foi questão de mesquinhez.

Guloso, sempre. Glutão, OK. Gourmet é a senhora sua mãe, com todo respeito.

Viver é Perigoso

Um comentário:

Anônimo disse...

"O prazer da comida é o único que, desfrutado com moderação, não acaba por cansar."
Anthelme Brillat-Savarin advogado, político, cozinheiro e gastrônomo francês